quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O vento trás até mim as melodias do oceano, o cheiro agradável da maresia.
Caminho até à água atravessando a areia granulosa, que se cola aos meus pés pelo caminho, tornando-se cada vez mais húmida com a proximidade ao mar. Deixo as sandálias que trazia despreocupadamente na mão num alto no areal resultado de uma escavação infantil. Avanço cada vez mais em direcção ao mar, e pouso levemente o pé direito na orla da água onde a profundidade não ultrapassa um mísero centímetro. A água fria provoca-me um suave arrepio.
Decido entrar, caminho em direcção à água, com o meu vestido azul a esvoaçar à minha volta confundindo-se com o azul do mar... A água já me tapa os joelhos, a peito, o queixo, mergulho finalmente... o azul rodeia-me de uma forma reconfortante, preenchendo os espaços vazios do meu corpo, fazendo-me esquecer a saudade e a dor que me perseguiam ferozmente.
Olhando para cima vejo um círculo de luz serpenteando na água, alguns peixes nadam à minha volta, pequenos animais coloridos.
O ar começa a escassear nos meus pulmões, o corpo começa a dar sinais de desespero vendo a aproximação do fim, mas eu sinto-me completa, sinto-me em casa, no meu próprio elemento.
Não há medo, não há dor, apenas a minha mente a vacilar, a minha alma a abandonar lentamente este corpo ferido e magoado.
De repente o azul dá lugar a uma escuridão impenetrável, sinto-me a flutuar, sem peso, sem corpo... com o fantástico azul de safira como minha última memória.