domingo, 31 de janeiro de 2010


Olha que raio agora. Por causa dos brasileiros com uma língua tão diferente da nossa, com uma forma de falar tão diferente, e nós é que temos de mudar a forma como escrevemos por causa deles? Não consigo perceber este acordo ortográfico, a ideia é o português ficar mais parecido com os diferentes "portugueses" que se falam no mundo?
Está bem, vamos deteriorar a nossa língua, vou começar a escrever fato e não facto, enquanto vocês ficam na dúvida, não sabendo se me refiro à peça de roupa ou a uma realidade comprovada.
Vamos alterar a nossa língua, na realidade torná-la mais saloia, para quê?
Eu recuso-me a tirar parte das letras às palavras, não concordo que do nada se lembrem de me dizer que agora a forma como escrevo está errada quando há 15 anos já era assim, aprendi assim...
Estupidez...
Apetece-me chegar ao pé de sei lá quem é que está a decidir isto e dizer que é uma estupidez, que não tem o mínimo de lógica, são mudanças insignificantes que apenas estão a empobrecer a nossa língua, daqui a uns anos, depois de aprovarem isto eu vou continuar a usar as minhas consoantes surdas e que não se atrevam a dizer que está errado... Não percebo a necessidade de tomar esta medida, nem o propósito final de tal decisão, ou o benefício para o país e para qualquer pessoa em Portugal que fale um português correcto correto ver a sua língua alterada assim do nada, é uma decisão sem fundamento lógico.
Ainda por cima quando é basicamente impossível "decorar" quais as palavras às quais este acordo se aplica visto que o nosso vocabulário é muito extenso...
Vamos acabar a escrever cada um à sua maneira, vai acabar por ser aceite a escrita de qualquer maneira porque toda a gente vai ficar na dúvida em relação a quais das palavras é que sofreram a operação de lhes tirar a consoante e aquelas que se livraram de tal corte...
Se se preocupassem com a economia e com tudo o que está mal no país e deixassem os c's e os p's em paz...

hunter

Vá, desculpa S. mas vou ter de te culpar a ti pela minha recente obsessão pela marca Hunter, e estou a tentar desesperadamente convencer o meu pai a comprar-me exactamente as que tu compraste, acho eu...
Ando há anos a tentar encontrar umas galochas amarelas mas infrutiferamente, imagem a minha felicidade quando vejo no blogue da S. um post sobre uma marca de galochas que dá para comprar online e etc... Concluindo: também não havia nenhumas amarelas de que eu gostasse mas estas são lindas e apaixonei-me completamente.


Apesar de estar a pensar em pedinchar, suplicar, chantagear o meu pai para me comprar as primeiras, em preto, acho as azuis igualmente ou até mais bonitas... Agora não sei qual delas vou pedir... No fim de contas vou acabar eu a comprar as galochas mas pelo menos vou ficar feliz.
E lá se vão parte das minhas poupanças para a máquina fotográfica (mas daquelas decentes e caríssimas, não das digitais) que ainda nem sequer tinha escolhido... Espero que ainda chova muito se eu decidir comprá-las.
A minha cabeça está a latejar com a matéria interminável contida em mais de 70 paginas de química a percorrer a minha cabeça... É um pouco preocupante ter teste amanhã e só ter começado a estudar hoje à tarde, mas com um pouco de sorte, sorte essa que me tem faltado nos últimos tempos, talvez consiga superar mais uma das adversidades da minha vida recentemente...
Comecei um novo blogue, em pareceria com duas amigas minhas, mas parece-me que para já, enquanto não é um projecto minimamente decente e apenas um sítio para pormos tudo aquilo que não pomos nos nossos blogues oficiais, coisas parvas, coisas nossas, enquanto não escrevermos nada que valha a pena ler não ponho aqui o link, mas quando a coisa melhorar eu deixo os meus leitores verem o outro...
Estou naqueles dias em que suspiro constantemente, a minha cabeça não se aguenta em pé, tenho sono, doem-me as pernas do jogo de andebol, treinos de ténis e de correr de manhã, estou meio abalada pelas situações que se desenrolam à minha volta, preocupada com o teste de amanhã. O que me vai salvar disto tudo por uma hora ou algo do género vai ser uma dose grande de batatas fritas, um grande hamburguer da McDonalds, um grande balde de coca-cola. Festim de calorias para esquecer os problemas, parece a receita perfeita para o jantar perfeito de hoje...

Ainda estou na dúvida acerca da sobremesa, o que parece melhor? Sunday de caramelo, McFlurry de M&M's ou tarte de maçã? Nham, nham, é bom de qualquer das formas...

sábado, 30 de janeiro de 2010

oh...

Que dia fatídico o de ontem, cansaço imenso que ainda hoje me entorpece e me leva a movimentos demasiadamente pausados e mortos...
O dia passou intercalando os momentos de depressão e tristeza com as situações cómicas e minimamente mais felizes. Chorei por sentir que toda a gente a seu tempo me estava deixar, sentimento despoletado por uma falsa ameaça que eu já sabia não corresponder à verdade, mas que apenas a ideia de ver a pessoa de quem sou mais próxima partir também, assim, de repente. Os de quem gosto acabam por ir sempre e mesmo que tente não o consigo evitar... Não me cabe a mim fazer isso mas podia depender de mim, já que a minha felicidade (ou tristeza) depende da sua presença.
Enquanto corria o botão do meu casaquinho caiu, o que não seria nada de especial não se tivesse partido parte do tecido que prendia o botão e que é uma linha de tecido contínua, interrompida naquele ponto, maldita gravidade...
Temos o momento na aula de Filosofia em que a Sofia se esforçou por preencher o espao vazio que havia atrás de mim, e que nunca esperei que me fizesse tanta falta, não sei se deva ficar chateada com o raio do rapaz por se colocar nesta situação (e consequentemente a todos os outros que têm de lidar com a sua ausência) ou ficar apenas pelo sentimento de nostalgia que ficou.
Quando saí do meio das pessoas que lidavam com esta situação de ânimo leve, como se fosse completamente normal, como se ele fosse uma presença insignificante, senti-me aliviada por ninguém se ter dirigido a mim, comentando a minha expressão taciturna, cansada, que perdera definitivamente a esperança de ele estar apenas a tentar incomodar-me ao dizer que ia embora, depois um jantar sem marcação prévia, um convívio necessário para que eu conseguisse sorrir minimamente.
Uma caminhada longa, a correr quase toda a cidade, falando ininterruptamente, rindo de vez em quando, gravando momentos ridículos, cantarolando uma música dos Muppets, deprimindo esporadicamente.
Nunca pensei que me fizesse tanta falta, mas não tenciono desistir tão facilmente devido à adversidade da situação, à sorte ou azar que tenho, porque mesmo não o conhecendo na totalidade, desconhecendo quase todos os pormenores da vida dele, não consigo pôr esta paixão de lado.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

destino ou karma, não sei qual deles culpar

Agora que basicamente decidi o que quero perdi parte da probabilidade de o ter, e ele perdeu também, porque quem sai mais prejudicado nesta situação é ele e eu sou um simples efeito colateral, e ele nem sequer imagina.
Agora enfrento o dilema de tentar, quando já tinha decidido que o ia fazer, porém tentar ainda mais afincadamente devido às situações que se desenrolam paralelamente a esta minha paixão. Ele não sabe, espero eu, mas foi agradável saber que se lembrou de mim, saber que se dirigiu quase que imediatamente a mim e me contou a desagradável notícia de que provavelmente ia embora.
Não embora mesmo, mas que se ia afastar, os motivos dele não importam para o caso, até porque o ultrapassam a ele e toda esta situação lhe desagrada.
Porque é que as pessoas de quem gosto acabam por ir embora? Se afastam por algum motivo... Espero que as poucas que me restam não se lembrem também de se evaporar como que por magia...
Gostava que as coisas fossem mais simples para ele, e consequentemente mais simples para mim. Ai, quem me dera não ser tão atada e ter agido quando podia, e devia, quando ainda tinha quase a certeza de que o ia ver todos os dias e que assim podíamos evoluir, mas decidi esperar, e quando aceitei agir a situação descontrolou-se e sem a minha intervenção ele está a ser obrigado a afastar-se, não só de mim mas de toda a gente.
Apenas porque agora não é Verão e as pessoas já não estão cegas, apenas porque as pessoas têm tendência a controlar e a tentar decidir o que é certo, quando a mesma realidade não se aplica a todas as pessoas, não devemos tomar uma decisão apenas para nos livrarmos do problema mas sim porque achamos que é o melhor para a pessoa, não está certo desistir assim das pessoas.
Só espero que ele estivesse a brincar comigo, a tentar assustar-me dizendo que ia embora, mas estou mentalizada de que não se trata disso. Sei também que amanhã a aula de filosofia vai ser absolutamente monótona, sem ele a meter-se comigo, a falar comigo, porque quando olhar para trás ele não vai estar lá, apenas uma cadeira vazia que não preciso de ver.

QUERO-OS

A viajar pela blogosfera e restante mundo virtual deparei-me com uma colecção quase toda ela de vestidos e lindos, esvoaçantes, em cores vivas, com drapeados, pormenores como broches metálicos e com pedras, lindos mesmo. Fazem parte de uma colecção de Zuhair Murad, nunca tinha ouvido falar mas fiquei rendida ao ditocujo senhor.







(este último é da Burberry mas não me importava nada, e ao contrário dos outros que não fazia ideia onde é que ia usar mas que quero, este usava sem dúvida)

roccobarocco

Vi parte do desfile a fugir, no Fashion TV e adorei o estilo, as cores, os cortes, a iamginação, e fui logo pesquisar. Aqui estão algumas das peças que mais gostei do desfile Outono/Inverno 2009-2010.


Que linda abertura do desfile...


Gosto do tecido, dos tons metalizaados, do verde, do cintinho preto a contrastar, do corte em cima.


Este casaco assenta tão bem na modelo, adoro o realce na cintura e ser mais folgado na parte de baixo, a gola extremamente larga.


Adoro os toques de cor nos pequenos pormenores, como nas luvas e nos sapatos e adoro este género de casacos, principalmente porque tem duas filas de botões, fica muito mais elegante.


Adoro os pormenores e a mistura de estilos deste casaco.

para rir um bocadinho

Para esquecer por uns instantes os problemazinhos da vidinha miserável há que recorrer aos muppets...

run*

Apetece-me fugir, voltar ao Verão do ano passado, quando tudo era especialmente fácil para mim e para toda a gente, deixar os compromissos para trás, as pessoas que não me interessam, esquecer tudo o que é insignificante e inútil nesta minha vida. Voltar àquela aldeiazinha e fazer das coisas mais divertidas e erradas que fiz até hoje, sem ter de suportar as consequências, os olhares reprovadores porque toda a gente tolerava tudo e gostava de todos, porque podíamos ser nós mesmas ali, com as nossas paranóias, as nossas conversas e atitudes parvas, a nossa necessidade imensa de liberdade, liberdade essa que agora me falta e que me prende, sinto-me muitas vezes a sufocar por estar rodeada por pessoas superficiais quando me apetece apenas estar com aquelas que realmente me importam, para disfrutar dos momentos de vazio, em que não fazemos nem temos de fazer nada, em que conversamos ininterruptamente sem nos preocuparmos com horários, com quem pode estar a ouvir, com a estupidez das nossas conversas.
Preciso da calma da localidade rural onde "vivi" por duas semanas, onde chorei e ri, onde posso dizer que temi por mim e pelos que estavam comigo, em que fiz coisas loucas não me arrependendo de nenhuma delas, de que me posso gabar por nunca ter sofrido as consequências de atitudes menos conscientes.
Quero voltar, voltar à pessoa que era, porque sei que ainda a tenho em mim, mas com o fim do Verão a nossa vitalidade fica condicionada e voltamos a cair na monotonia dos compromissos, no medo de errar, na tentativa de fazermos o que nos é suposto, tentanto mesmo assim fazer aquilo que queremos, mas o medo de me magoar não me permite fazer muitas das coisas que queria, porque sei que aqui vou sofrer as consequências e que não me posso limitar a fugir, porque tenho de lidar com as mesmas pessoas e situações por dias e dias, até que comece um novo Verão e possa voltar à vida que quero mesmo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SAG

Vá, tinha de falar dos modelitos de que gostei dos SAG...
Então as senhoras premiadas foram...

Marion Cottilard por Elie Saab Coutoure, ela é extremamente bonita e este vestidinho é muito giro.



Diane Kruger por Jason Wu, tenho pena da cor do vestido porque o modelo é lindo, a cor esquece...



Outro em branco, Kyra Sedgwick. Desculpem a predominância cromática do branco.



Penelope Cruz por L'Wren Scott, gosto muito desta senhorinha, e normalmente das coisinhas que ela veste.



Christina Applegate

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Desafio

Mais um desafio da S. que vou tentar responder de forma decentemente e minimamente interessante.





a) Tens medo de quê?
De errar quando não o devia fazer, de ficar sozinha, de me sentir sozinha, da morte das pessoas que me são próximas, de me desapontar a mim própria, de não ser capaz de ser e fazer aquilo que quero, de me perder a mim mesma e acabar a agir como toda a gente apenas para me encaixar na sociedade.
b)Tens algum guilty pleasure?
GELADO, principalmente de café, que me faz às vezes correr para a cozinha, tirá-lo da arca e sentar-me em cima dela a comer do pacote com uma colher, gula é terrível...
Ah, e tenho um problema com perfumes, tudo o que vejo quero, e acabo por comprar imensos, tenho uma colecção gigante que me ocupa uma prateleira enorme, tenho uma fragrância para cada dia do mês...
Ainda não tenho mas vou ter um grande problema com sapatos de salto quando os começar a usar, para já limito-me a observá-los em todas as revistas e babar-me com eles, vou gastar um balúrdio.
c) Farias alguma "loucura" por Amor/Amizade?
Definitivamente sim.
d) Qual o teu maior sonho? [não vale responder: Paz,Amor e Felicidade ;)]
Ser psiquiatra, viajar por todo o mundo principalmente por Itália, Japão, Irlanda, Dinamarca, Grécia e Egipto.
Espero um dia viver em Paris apesar de não falar nadinha de francês...
e) Nos momentos de tristeza/abatimento, isolas-te ou preferes colo? [não vale brincar]
Isolo-me demasiado, de tudo e de todos, a chorar no meu cantinho, a resignar-me para no momento seguinte tentar descobrir uma forma de sair daquela situação.
f) Entre uma pessoa extrovertida e outra introvertida, qual seria a escolha abstracta?
Não faço ideia.
g) Sentes que te sentes bem na vida, ou há insatisfação para além do desejável?
Neste momento podia estar melhor mas sinto-me bem na vida e feliz com aquilo que tenho mas como todos tenho altos e baixos que enfrento todos os dias.
h) Consideras te mais crítico ou mais ponderado?(mesmo sabendo que há críticas ponderadas)
Sou imensamente crítica, é-me impossível conter uma crítica a alguém a menos que seja demasiado ofensiva, mas muitas vezes não me controlo e as pessoas acabam por me julgar arrogante o que não sou, apenas digo o que penso.
i) Julgas te impulsivo, de fazer filmes... paciente, ou...? (define o que te julgas no geral)
Não sou impulsiva, pondero demasiado as situações e a forma como posso sair delas, mas faço imensos filmes, estou constantemente a criar problemas que só existem na minha própria cabeça e levam à minha falta de impulsividade em alguns assuntos.
j) Consegues desejar mal a alguém e eventualmente concretizar? [responder com sinceridade]
Consigo desejar mal a alguém mas não o suficiente para o concretizar.
k) Conténs-te publicamente em manifestações de afecto (abraçar, beijar, rir alto...)
Não me contenho nada, se me apetece rir imensamente alto rio imensamente alto, se me apetece abraçar alguém com quem tenha confiança suficiente para isso faço-o, não me impeço a mim própria de fazer algo como isto apenas pelos olhares reprovadores das pessoas.
l) Qual o lado mais acentuado? Orgulho ou teimosia?
Acho que sou muito orgulhosa e muito teimosa, mas a teimosia sobrepõe-se ao orgulho na maioria das vezes.
m) Casamentos Homossexuais e direito á adopção?
A favor e nem vou explicar porque.
n) O que te faz continuar o blog?
Os leitores que tenho, que mesmo sendo poucos são o suficiente para eu continuar, mas não me importava que mais gente lesse. A necessidade de escrever e partilhar as minhas ideias, histórias, momentos, estupidezes e melodramas.
o) O número de visitas ou de comentários influencia o teu blogue?
Sim e não, é sempre agradável receber bons comentários àquilo que escrevemos e sobre o que somos, porque pelo menos no meu caso o blog é praticamente todo eu.
p) Na tua blogosfera pessoal e ideal, como seria ela?
Não haveria comentários negativos em que as pessoas se censuram umas às outra, em que tentam inferiorizar os outros num mundo virtual em que toda a gente pode ser quem quiser.
q) Deviam haver encontros de bloguistas? Caso sim, em que moldes? Caso não, porquê?
Há certas pessoas que adorava conhecer mas parte da piada dos blogues é exactamente não saber quem está do outro lado mas mesmo assim interessarmo-nos pelas pessoas.
r) Sabes brincar contigo mesmo e rir com quem brinca contigo? (Sem ironias)
Sim.
s) Já agora, qual ou quais os teus piores defeitos?
Tenho tantos, ser orgulhosa, teimosa, ingénua, sensível (estas duas por vezes são defeitos porque acabam por causar efeitos negativos em mim), demasiado frontal, por vezes impulsiva demais.
t) E em que aspectos te elogiam e/ou achas ter potencialidades e mesmo orgulho nisso?
A inteligência.
u) Entre uma televisão, um computador e um telemóvel, o que escolherias?
Televisão, pelo "sexo e a cidade", filmes em que sou viciada, mental, house, gossip girl...
v) Elogias ou guardas para ti?
Elogio.
w) Tens a humildade suficiente para pedir desculpa sem ser indirectamente?
Sim, prefiro pedir desculpa a ficar chateada com uma pessoa com quem me importo.
x) Consideras-te, grosso modo, uma pessoa sensível ou pragmática?
Sensível.
y) Perdoas com facilidade?
Perdoo, mas não esqueço facilmente.
z) Qual o teu maior pesadelo ou o que mais te preocupa?
Que as pessoas de quem gosto se magoem ou lhes aconteça algo.


Faz parte do desafio visitar estes blogues:
emcadadespedida
contrapobreza
meumundomeuarcoiris

Passar no mínimo a 5 blogues:
http://apipocamaisdoce.blogspot.com/
http://anaabmd.blogspot.com/
http://crmartiins.blogspot.com/
http://adilianunes.blogspot.com/
http://callingyouinsane.blogspot.com/

domingo, 24 de janeiro de 2010

Farta

Estou completamente farta. Farta de estar sempre lá apesar da distância, de me esforçar por nos encontrarmos o máximo de vezes possíveis, de me esforçar por não esquecer aquilo que fomos, de me lembrar da pessoa que ela era, estou farta de ter de ser sempre eu em todas as situações, eu é que tenho de ligar, eu é que tenho de sofrer com esta falta de comunicação, eu é que saio sempre magoada e estou farta.
Completamente passada com tudo o que me acontece, tudo aquilo que tive de suportar, as noites que passei sem dormir para a ouvir, as viagens para estar com ela, as vezes que senti a falta dela, tudo isto para nada, para uma mensagem impessoal, desprovida de qualquer tipo de emoção, insensível, dolorosa para mim, demasiado simples para ser da pessoa que eu conheço, ou melhor conhecia.
Estou revoltada com a facilidade com que me deixo levar pelas situações, com a facilidade com que as pessoas me ultrapassam, me esquecem, a rapidez com que sou substituída, e não me venham com tretas de adaptação, as pessoas mudam mas não tanto, e as pessoas se quiserem não esquecem e parece que ela esqueceu tudo, ou pelo menos que me esqueceu a mim, que é o suficiente para me abalar.
Mas não, não vou voltar a deprimir por uma questão que não vale simplesmente a pena, o meu orgulho não me permite ligar-lhe, já tentei uma vez e não funcionou, tentei mais um milhão de vezes depois, de maneiras diferentes, mas não serve de nada se a pessoa do outro lado não está disposta a ouvir aquilo que temos para dizer.
Onde está a rapariga que eu conheci? Definitivamente não aqui e não lá, não está em lado nenhum, sumiu-se algures entre este ano e o anterior, entre a partida dela e o meu regresso, entre tudo isto e algo mais. Pelo menos posso dizer que tentei, que me esforcei, que não sou a única culpada nisto tudo.
Estou farta de sofrer por pessoas que julgava que mereciam mas que nos momentos importantes me abandonam.

Desenhos animados lindinhos

Gosto tanto de desenhos animados. E ter uma irmã de cinco anos é uma boa desculpa para rever todas aquelas histórias de princesas da Disney e afins, e voltar a acreditar, mesmo que só por instantes, que o "felizes para sempre" é possível.

Gosto particularmente da Pequena Sereia, ontem aproveitei para desanuviar depois de passar duas horas a estudar geologia enquanto via "O Segredo da Pequena Sereia", são todas tão bonitinhas...
A Ariel e a mais loirinha de todas são as mais bonitas...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Must-see movies


Tenho que ver o filme "The time traveler's wife", acabei de descobrir que se baseia num best-seller da autora Audrey Niffenegger.
Sou viciada em mitologia, a grega, e a situação desta mulher lembra-me Penélope, esposa de Ulísses que esperava pelo regresso do marido que partira para Tróia.
Esta é uma mulher atormentada pelas partidas inesperadas do marido, as viagens no tempo que ele não pode controlar, e fora durante uma dessas inesperadas viagens que ambos se haviam conhecido, quando ela era universitária e ele um bibliotecário de 20 e tal anos, no entanto ela já o conhecera, quando tinha 6 anos numa dessas viagens dele, porém ele acabara de a conhecer...
Parece-me uma história linda com um grande elenco (Eric Bana e Rachel McAdams), um bom argumento que se baseia numa história linda.
Estou indecisa entre o livro e o filme.

Bailados


Quero tanto, tanto ver o Quebra Nozes ou o Lago dos Cisnes, são bailados lindos, com músicas perfeitas do Tchaicovsky, algumas delas sei tocá-las no violino, representações lindas através dos movimentos fluidos de bailarinas com uma técnica enorme, uma leveza, flexibilidade, beleza, incríveis.
Decididamente devia ir ver um bailado, mas, infelizmente, não tenho acesso a essas facilidades aqui na "terrinha".
(suspiro)

«Olhe, eram dois bailados para levar, e uma ópera se puder ser.»
Era tão bom se fosse assim tão fácil.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

(suspiro)

Preciso novamente do ângulo perfeito do teu ombro onde a minha face encaixava na perfeição, da calma que sentia quando podia simplesmente estar ali a olhar para a frente, sentir-te ao meu lado, o silêncio.
Preciso daquele calor humano que nunca nos recusa, do abraço que envolve todo o corpo, afasta todos os pensamentos que não o incluem a ele.
Preciso da exclusividade de uma pessoa, da incondicionalidade dos seus sentimentos, da veracidade da sua pessoa para comigo, preciso de alguém que esteja ali para me ver chorar, para me ver rir despreocupadamente, de alguém que me abrace quando preciso, que me diga o que preciso de ouvir e aquilo que não quero ouvir.
Que seja diferente ou igual a mim, que esteja lá, que faça tudo desaparecer quando os seus lábios tocarem os meus, que seja meu, em quem confie o suficiente para me dar novamente, alguém para mim, não quero perfeição, quero uma forma aligeirada de amor, será assim tão difícil?
Quero alguém que acho que não posso ter, ou no mínimo não tenho coragem de aceitar que quero, porque não sei lidar com a situação, perdi essa capacidade quando me tiraram parte do coração, agora tenho apenas o medo, tenho medo de perder, medo de viver portanto.
Não quero tornar-me na pessoa que prefere chorar por não ter tido coragem a chorar por estar a perder mais uma vez depois de se dar.
Só peço aquele abraço apertado que já tive e já perdi. E não, não estou desesperada, estou apenas apaixonada, só não sei por quem.

"deixem-me respirar"

Despedi-me despreocupadamente das vozes que me tentavam dizer para ficar enquanto eu caminhava para o nada, perguntavam-me para onde ia mas nem eu sabia ainda, não era capaz de responder a essas questões portanto limitava-me a dizer "Preciso de apanhar ar.".
Precisava desesperadamente de ar, de vazio, solidão, mas não a solidão de um quarto, de quatro paredes, um vazio meu, um vazio que já conheço.
Continuei a andar, com os auscultadores nos ouvidos, tentando que ninguém me reconhecesse, ninguém me dirigisse a palavra, ninguém reparasse que eu não devia estar ali.
Atravessei a ponte, olhei do alto todos os lugares onde tínhamos estado e que esperava rever com ela, mas parece que me resta vê-los apenas através dos meus olhos sós.
Têm-me questionada indefinidas vezes se estou bem, o que se passa afinal comigo, digo que está tudo bem enquanto oculto a mágoa que sinto com um sorriso rasgado e exagerado, o que me parece mais credível naquele momento.
Continuei a andar descendo as escadas escuras da ponte, caminhando pelos caminhos empedrados, pela pequenina ponte de grades, caminhando um pouco mais chego à ciclovia, onde andei descalça com ela, onde o obriguei a andar descalço. ponho a música mais alto para evitar ouvir os meus próprios pensamentos mas infelizmente não me posso enganar a mim própria. Fecho os olhos durante longos segundos, pestanejando lentamente, na tentativa de afastar a visão do passado que se desenrola à minha frente nos jardins da memória.
Nunca pensei que me afectasse desta maneira, não queria que fosse assim, queria estar feliz, mas não o consigo, não com o silêncio entre nós as duas que não consigo transpor por causa dos quilómetros que nos afastam.
Sento-me a olhar melancolicamente para a frente, para um lugar onde o rio ainda flui calmamente, antes de enfrentar a turbulência a meros metros à frente devida à abundância excessiva de água para aquele reduzido leito. Deito a cabeça na mochila que tinha pousado no banco de jardim à frente do rio. Ponho as pernas em cima do banco e olho para cima, fico encadeada pelo candeeiro que está exactamente acima da minha cabeça, que me obriga a virar a cara para o lado, para o rio, tão instável, sujo e perturbado como eu.
As lágrimas que recusara largar durante dias começam a cair, tento combatê-las mas não está ninguém a ver, apenas eu, e se choro por dentro não me fará pior chorar fisicamente.
Gostava de não me deixar levar deste modo, de me deixar afectar pela falta de interesse, pela mudança que já esperava dela, mas esperá-la não equivale a aceitá-la. Continua a magoar-me, compreendo que tenha de se integrar, mas gostava da antiga, daquela rapariga que estaria ali comigo num dia normal.
Quero dormir e sonhar, para voltar a acordar e voltar a dormir, regressar àquele mundo onde tudo é perfeito, fora as partidas que o meu subconsciente tem tendência a pregar-me, a contrariar as minhas vontades mais profundas, aquele beijo falso e ilusório que ainda me perturba cada vez que olho para ele, apesar de não ter acontecido nada na realidade.
Rapariga estúpida e sonho estúpido. A estupidez em que a minha vida caiu... Já não posso decidir o que sinto, porcaria de coração, porcaria de alma, se é que a alma existe.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mais um dia...

Olho à minha volta e só me apetece chorar, por ver a felicidade, talvez mais a alegria, estampada nos rostos dos que se cruzam comigo, por reparar na minha insignificância para todos os outros, ao presenciar o meu constante afastamento do mundo e a crescente solidão que me rodeia. estou cada vez mais sozinha, mais distante da vida, mais magoada comigo mesma e com os outros, estou farta que gozem comigo, ou melhor, com a pessoa que fui e que abomino, que falem para mim sobre trivialidades, que estejam simplesmente ali quando sabem que não as quero comigo, que as pessoas que quero não falem comigo. Estou cansada de ficar constantemente cabisbaixa sem ser capaz de o evitar, de colocar os auscultadores nos ouvidos na esperança que as pessoas não reparem na minha melancolia, que não me dirijam a palavra, ou para que no mínimo tenha uma desculpa para não responder às questões parvas e desnecessárias que atingem de forma inesperada.
Estou desmotivada a nível social, a nível cognitivo estou cada vez mais concentrada para evitar as conversas paralelas que acabam em temas que não quero abordar, em que me sinto obrigada a falar para que não se dirijam a mim a solicitar a minha intervenção naquela conversa entediante e que me faz mais mal que bem. No entanto estou também preguiçosa, é muito mais fácil ficar eternamente deitada na cama, esperando em vão que a noite caia novamente para voltar para o mundo perfeito que crio enquanto estou a dormir.
Estou sozinha, ou quase, abandonada por uns, meia substituída por outros, insignificante para a maioria, partilhando fugazes momentos de alegria, risos efémeros e momentâneos trocados com pessoas que ainda me são algo próximas, demasiados silêncios que preencho com as minhas próprias reflexões que acabam por me levar ainda mais para o fundo com as conclusões estapafúrdias a que chego.
Mais um dia...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Não me peçam para sorrir

Hoje estou particularmente revoltada com as pessoas, com as relações à distância, os amigos com quem partilhámos imensas memórias e que de repente, se mudam e ao partirem da cidade parece que partem também das nossas vidas.
Nunca esperei que fosse assim, temia isto mas não esperava ser praticamente ignorada, não desta forma, não por esta pessoa.
Estou magoada pela incapacidade de comunicarmos, a falta de autonomia dela em me ligar, me mandar uma mensagem, um simples olá.
Será que é mesmo impossível manter uma relação à distância ou depende das pessoas?
Talvez isto não esteja a funcionar por não nos esforçarmos o suficiente, vou ser realista, não lhe ligo todos os dias, não lhe mando mensagens todos os dias, mas uma vez por semana faço questão de manter contacto porque quinze anos não se apagam com tanta facilidade. Mas porque raio corre bem com os outros e a nós nos está a sair tudo errado, e para piorar a situação tudo me lembra de ti, as músicas que acabo por ouvir são as que me lembram de ti, mas o que recebo em troca? Um lugar minúsculo na memória, no passado, uma irritante insignificância que me deixa apática durante horas, sem vontade de me relacionar com ninguém esperando já que tudo acabe assim, um dia.
É profundamente perturbador ver como passo desapercebida na tua vida apenas porque não me vês, e porque vivemos a quilómetros de distância, o telemóvel continua aí, eu continuo aqui ao pé do meu à espera da chamada e da mensagem que ainda não chegaram, estou continuamente a olhar para verificar pela enésima vez que não tenho nada lá.
Pior ainda quando me perguntam por ti, me perguntam como estás, fazem comentários acerca da tua adaptação, e eu minto descaradamente dizendo que sim, que estás bem, quando não faço a menor ideia do que se passa na tua vida e sinceramente estou perto de achar que simplesmente já nem existo para ti. Apetece-me gritar às pessoas que estou mal, que não me importam, que só te queria ouvir a ti mas que apesar de tentar não consigo realizar isso, que estou mal e não podem fazer nada por isso, que não sei nada de ti, que me importo porém pareces inalcançável, gostava de dizer que sim, falo contigo todos os dias, adorava que isso fosse verdade, mas sejamos realistas isto está longe da verdade. Que raio se passa conosco?
Podem dizer-me que sou ridícula por fazer estas cenas, por me fazer passar por coitadinha, mas não é nada disso, o que acontece é que me custa não te ter aqui, ainda mais quando parece que simplesmente não sou ninguém na tua vida quando tens as meninas ricas contigo que te são tão mais semelhantes, aparentemente.
Chamem-me ridícula, dissimulada, deprimida, o que quiserem, mas não me peçam para sorrir quando estou melancólica e com vontade de fugir para um lugar calmo onde não tenho de lidar com hipocrisias exageradas, mentiras, pessoas desinteressantes e interesseiras, estou farta das pessoas e farta do teu silêncio.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

(semi-)crónica da hipocrisia

Pessoas que se fazem passar por algo que não são, simples hipocrisia ou necessidade de serem algo que não são para parecerem alguém especial?
Não percebo a necessidade de as pessoas se rotularem a si próprias, tentando parecer mais cultas do que são, dizendo que ouvem música clássica, de que serve ouvi-la se não a sentem? Posso não perceber nadinha de Bach, não distinguir um nocturno de Chopin de uma sonata de Mozart, de não reconhecer os bailados de Tchaicovski, a batida característica e as notas dominantes de Beethoven, mas consigo sentir uma música, deixar-me embalar pelas melodias em vivace, allegrato, moderato, lento, largo, tempo giusto... Silêncios que ocultam o vazio da divisão, sons que preenchem e expulsam aquilo que tentamos esconder bem lá no fundo.
Mas a questão não se resume a música mas à necessidade de cada vez mais as pessoas esconderem aquilo que são, as suas preferências, com medo de serem julgadas e postas de parte, e quando não se julgam dotados de uma grande personalidade ao invés de se esforçarem por conhecer algo de que gostem recorrem a clichés que não percebem, esperando que as suas acções medíocres passem deapercebidas, assim como a sua falta de habilidade de escolha e capacidade de serem a pessoa que são.
E a frontalidade? Estamos a perder a capacidade de falarmos uns com os outros, o que complica muito isto são as ditas redes sociais, onde as pessoas criam o seu "Perfil" de uma forma que acham atractiva para os outros sem serem fíeis a si mesmos, não compreendo a finalidade de nos mostrarmos ao mundo todo, principalmente quando mostramos uma mentira.
Onde estão as conversas em que se diz directamente a uma pessoa aquilo que se pensa para que esta possa argumentar, defender-se e à sua opinião? Perdemos a habilidade de falar com os outros sendo nós mesmos,  e ganhamos cada vez mais existências virtuais em que não somos nada nem ninguém, não somos uma pessoa com uma opinião, mas alguém com uma página web que não diz o que quer dizer mas o que deve para as pessoas quererem ser "amigas" dela, e depois fazem do número de amigos informáticos uma competição interminável, quantos daqueles sabem quem são? Provavelmente um ou dois.
Sei que a hipocrisia nunca vai acabar, nem a necessidade de se ser uma pessoa diferente apenas para constarmos da lista de contactos de alguém, mas valerá a pena perdermos a nossa identidade, que afinal é o único que é realmente nosso, para sermos alguém para os outros? Que tal sermos alguém para nós primeiro e a sociedade ser um acréscimo natural?

sábado, 16 de janeiro de 2010

iris


Esta é de longe a minha música favorita, é perfeita em todos os sentidos, tem a letra mais linda de sempre, é lamechas, a voz dele é maravilhosa, entra na banda sonora de um filme extremamente lindo (A Cidade dos Anjos): iris dos Goo Goo Dolls.
A letra, e que linda, é esta:

And I'd give up forever to touch you
'Cause I know that you feel me somehow
You are the closest to heaven that I'll ever be
And I don't want to go home right now

And all I can taste is this moment
And all I can breathe is your life
'Cause sooner or later it's over
I just don't want to miss you tonight

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything feels like the movies
Yeah you bleed just to know you're alive

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
I just want you to know who I am
I just want you to know who I am
I just want you to know who I am

A versão mais linda da música é do CD que tenho deles, e é ainda mais perfeita que a normal, podem ouvir aqui. E para verem o videoclipe, que é o único vídeo em que o vocalista, que não é nenhuma beleza, até está girito vejam este. Quem me dera ter estado naquele concerto, música dos Goo Goo Dolls e imensa chuva, é definitivamente perfeito.
Espero que gostem

!

Hoje chorei, porque te magoei e porque tu também choraste. Porque significas o mundo para mim apesar de achares que tens o teu lugar em risco. Não isso não vai acontecer, e sabes por quê? Porque és a minha fufona, a pessoa que saiu de casa comigo e a quem me abracei quando tinha frio, a pessoa que estava no cubículo da casa de banho, às escuras a ouvir as minhas lamúrias, a outra apreciadora de capuccino, a pessoa com quem tenho um milhão de diferentes rituais que seguimos involuntariamente porque somos nós, porque és a pessoa que me babou a cama toda e que chorou abraçada a mim, porque me ajudaste sempre que precisei, porque gozas comigo constantemente, porque preciso das nossas conversas às duas da manhã, das nossas discussões parvas por nada, de gozarmos com toda a gente, porque viste "As Memórias de Uma Gueixa" mais de cinco vezes e eu nunca vi, porque não me emprestas o "Rebeca", porque discutimos a inutilidade dos machos no mundo natural, porque fomos juntas para Cambridge, porque  porque não podemos estar afastadas durante muito tempo sem somos umas cromas do pior juntas (mas que importa isso?), porque me conheces melhor que ninguém, porque sentimos umas saudades imensas e uma vontade imensa de conversarmos uma com a outra, porque estás sempre lá, porque me fazes mais falta do que imaginas, porque és das poucas pessoas interessantes que conheço, porque és maravilhosa assim como és, porque és minha amiga. Não, és mais que isso mas isso já sabes.
Porque gosto imenso de ti Sofia e tu nem sequer imaginas o quão mal me sinto quando te vejo chorar por minha causa, não mereço isso.

the scientist

Estou a ouvir "The Scientist" dos Coldplay e traz-me recordações dolorosas.
Naquela pontezinha sobre o rio, perto do moinho, trauteava praticamente num murmúrio a melodia, sibilando mentalmente a letra particularmente adequada à situação.
Enquanto as notas do piano me soavam na cabeça, nos meus ouvidos ecoavam palavras de deslumbramento da minha melhor amiga acerca da nova escola, das estátuas lindas do lado de fora do edifício central, aquele a longos e dolorosos quilometros de mim.
Tentava lidar com a ausência temporária dela, por enquanto, e com a presença perturbadora da pessoa de quem gostava profundamente e que me magoou imenso mais tarde, ao trair a confiança que tinha nas suas palavras e insinuações.
Equilibrando os sentimentos contraditórios tentava recomeçar tudo com ele, da forma correcta, se é que há uma forma certa de agir nestas situações, tal como na música.
Descalcei-me para descontrair e aproveitei aquele momento relaxado que tivemos, sozinhos, sem a tensão do que sentia e do que ele dizia sentir, mas que não passava de uma farça.
Esta música toca-me ainda mais considerando que a minha tarde descontraída e feliz foi não mais que uma tentativa falhada da parte dele de definitivamente afirmar que não sentia nada, algo que soube mais tarde e que me atingiu com uma intensidade inimaginável, dilacerando-me de forma irremediável por tempos que me pareceram infinitos, fatídicos, longos, melancólicos, tempos perdidos devido a uma fantasia minha que pode nem ter existido alguma vez, provavelmente ele nunca chegou a sentir nada, ao contrário do que afirmou.
Por vezes gosto de pensar que não fiz uma plena figura de parva ao acreditar que existia alguma coisa mais que a minha ilusão.
Só posso recordar e ouvir a música, esperando voltar ao princípio com uma pessoa diferente, alguém diferente, alguém que se importe. Um dia... Quem sabe...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

SAPATOS!



Enquanto estava a esfolhear as minhas revistas encontrei estes pares de sapatos lindíssimos e não consegui conter o impulso de os partilhar convosco:

Da colecção de Bruno Frisoni "A Princess to Be a Queen"
Amei os detalhes, a cor, são perfeitos.



Os Louboutin que eu adoro, "Bridget Strass".

A minha vida (des)interessante - III

Estou mais uma vez parada, sozinha na sala vazia. Oiço a respiração sonora da minha irmã no quarto dela, um som que julgo ser a televisão no quarto dos meus pais e limito-me a reflectir acerca de tudo o que se passou.
Após uma discussão com uma duração moderada deixaram-me ir ao festival a Mira, sempre com a patente presença de álcool no dito festival e a possibilidade de poder descontrolar-me. Praticamente senti que me estavam a atirar à cara a minha irresponsabilidade que escondia em dormidas em casa de amigas, em horas extra na rua para conseguir ocultar as situações em que não queria que me vissem, como a rapariga (mesmo que ligeiramente) embriagada, descontrolada, desmedida.
Deixei-me disso, apesar das poucas vezes em que me encontrei nesta situação não gosto particularmente de não ter o controlo de mim mesma, de não conseguir medir aquilo que digo e faço.
Consegui apaziguar este sentimento de culpa, de irresponsabilidade e de falta de confiança por parte dos meus pais, após uma conversa realista e sincera com o meu pai, em que simplesmente constatámos a realidade daquilo que já fiz, que neste momento em nada me arrependo, mas aceitando a realidade de que é natural na minha idade.
Agradeço estas atitudes compreensivas de vez em quando, ajuda percebermos que apesar de terem a consciência do perigo de determinadas atitudes posso ter um apoio directo no caso de errar como decerto vai acontecer no futuro. A simples realidade.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Young-Choon Park

Acabei de chegar de um concerto de piano maravilhoso, com a pianista Young-Choon Park.
Confesso que quase saí de lá a chorar, comovida com a arte da pianista, a agilidade dos seus dedos, mas não sou a pessoa certa para falar da qualidade da arte do piano, não sendo conhecedora da mesma.
Uma amiga minha, essa sim podia comentar decentemente porque além de saber tocar conhece profundamente a arte do piano, os clássicos, tudo.
Se tiverem oportunidade de ir a algum concerto dela incito-vos a ir porque é uma experiência magnífica.
Saí de lá contrariada porque não me importava de ouvir as maravilhosas melodias de Chopin durante mais algumas horas.
O que me irritou profundamente foi a comparência de pessoas cujo interesse por música clássica é mínimo, que não apreciam e estavam para lá praticamente a dormir, a bocejar de forma odiosa, com os telemóveis a tocar, a desrespeitarem completamente a arte daquela maravilhosa pianista com tosses que podiam conter, espirros que poderiam evitar e mais um número interminável de atitudes desrespeituosas que podendo não perturbar a artista perturbam as pessoas que se tentavam deleitar com as notas agudas e graves, os ritmos alternados, a beleza indiscutível das partituras que ela tocava de memória, com um destreza arrebatadora que me impossibilitava completamente de bocejar, limitei-me a sorrir, alternando os momentos em que suspirava e estava praticamente à beira das lágrimas.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Mais uns livros

As minhas mais recentes aquisições literárias (a 5€ cada, que feliz fiquei):
"A dama das camélias" de Alexander Dumas
Para já a história é-me praticamente desconhecida mas a sinopse agradou-me, e estou decidida a ler autores mais clássicos. Quando ler dou a minha opinião acerca do livro.


"Orgulho e preconceito" - Jane Austen
Mais um livro da Jane Austen, adoro a história que conheço pela adaptação mais recente ao cinema, que tem uma banda sonora magnífica e está maravilhosamente lindo.
Quero mesmo ler este livro, adoro as personagens, as personalidades delas, mas estou ansiosa por ler o livro, mesmo a história original.


P.S.-Ainda não acabei "Sensibilidade e Bom-senso" mas estou praticamente a acabar, umas meras 60 páginas, e depois faço uma crítica definitiva à obra integral. Quero muito ler o "Emma" da Jane Austen também, o filme é muito bonito, com a Gwyneth Paltrow.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Tentativa de auto-retrato

(baseado no texto "Auto-retrato aos 56 anos" de Graciliano Ramos)

Chama-se Andreia.
Nasceu em Lisboa a 10 de Junho de 1994, mas considera-se de Chaves.
Chora quase todas as noites.
Gosta de dizer palavrões e fazer os outros rir.
Controla os seus próprios sonhos, menos o início.
Os seus pensamentos são a preto e branco.
Observa o vazio, olhando para nada à procura de tudo.
Tem poucos amigos, e os que não o são não passam de meros conhecidos.
Gosta de "Alice no país das Maravilhas" e "O Principezinho".
Espera ser psiquiatra.
Adora arte em geral, música, literatura, pintura, arquitectura, cinema, mas não se considera uma especialista em nenhuma das áreas.
Adora escrever e projecta-se sempre no papel.
Quando escreve adquire uma personalidade mais exagerada e sentimentalista.
Abomina pessoas hipócritas e mentirosas.
É uma romântica por natureza e ao mesmo tempo muito contida na forma de expressar o que sente em relação ao sexo oposto.
É perfeccionista e espera sempre mais de si própria.
As pessoas desiludem-na facilmente pois não espera delas menos do que de si própria.
Tem um sinal um pouco acima do rebordo esquerdo da boca, na ponta do nariz, na bochecha esquerda abaixo do olho.
Pensa mais na morte do que gostaria. Não se preocupa com a sua mas com a daqueles que são importantes para ela.
Nunca morreu ninguém de quem gostasse realmente. Nunca foi a um funeral.
Gosta de andar debaixo de chuva e caminhar descalça.
Adora o cheiro a terra molhada.
Ao escrever sente-se mais aliviada, vê tudo de uma forma mais clara.
Gosta de Goo Goo Dolls, Keane, Chopin, Schubert, Vivaldi, Bryan Adams, Plain White T's, Da Vinci, Klimt, Van Gogh, Monet, Manet, The Fray, Rembrandt, Renoir, Mozart, Beethoven, Yiruma, Magritte, Fragonard, Degas, Kafka, Carroll, Austen, Brontë, Botticelli, Exupéry, Joanne Harris, Wilde, Nora Roberts.
Adora Paris e gostava de viver lá um dia.
É uma apaixonada pela vida e para já é o seu único amor.
Sente-se muitas vezes perdida numa sociedade com valores trocados e completamente diferentes dos seus.
Gostava de ter vivido no Renascimento, é uma das suas épocas históricas favoritas.
Adora mitologia grega e abomina a romana que não é mais para si senão uma cópia da primeira, não conseguindo equiparar a sua beleza.
Gosta de debater os mais diversos assuntos e aprecia ouvir as opiniões de todos os que as tiverem.
Gosta de dormir de manhã mas pensa que fazê-lo de noite é uma perda de tempo, que com os seus horários tem de cumprir.
Teme fazer um profundo retrato de si mesma pelo medo daquilo que irá encontrar. Conhece-se e quer conhecer-se mais mas teme aquilo de que é realmente feita.
Não sabe o que acha de Deus, por agora.
Espera que o mundo não acabe em 2012 pois julga que ainda vai viver mais que isso.
Tem uma estranha fixação por sapatos e pela Vogue, não se considerando nada fútil.
Espera não adoecer, e ver-se a si própria a definhar lentamente.
Gostava de ser escritora mas muitas vezes não se considera capaz de escrever algo com um número suficiente de páginas para que o considerem um livro, que alguém queira mesmo ler.
Tem pena de não ter visto muito filmes antigos, como os clássicos com Marilyn Monroe e Audrey Hepburn, quando são alguns dos seus ícones de moda.
Considera-se frágil mas não gosta que pensem isso dela.
(Gosta muito das suas leitoras e espera que elas também gostem dela)

Inverno interminável

Ai o Inverno. O tempo está insuportável, algo propício a situações insólitas como a do outro dia. Hoje já não está a nevar mas está tanto frio como no outro dia, ou pelo menos parece, mas não o suficiente para necar a sério e as escolas fecharem.
As minhas mãos estão quase sempre geladas e apenas encontro algum conforto quando entro num café e bebo um chá ou uma outra bebida quente, é nesta altura que eu agradecia um Starbucks para carregar o capuccino pela cidade naqueles copos que ajudam bastante a aquecer as mãos. Não tenho vontade nenhuma de sair de casa para ir às aulas, mas neste momento parece que até me está a correr tudo bem, a matéria não é excessivamente difícil e mesmo com pouca atenção consigo assimilar tudo facilmente, quando lá estou até me sinto bem mas os confortáveis graus a mais do ambiente de minha casa deixam-me preguiçosa e com pouquíssima vontade de sair.
Enquanto tenho os pés completamente gelados só me apetece um chocolate quente bem docinho, talvez faça um daí a pouco. Às minhas leitoras só espero que não tenham um Inverno tão rigoroso e fatídico como o meu.

Neva de vez em quando mas não o suficiente para ter uma paisagem destas. É pena.

Why...



...can't we always have a happy ending?

Indecisão


Tenho medo de ter uma recaída, de voltar ao lugar onde já estive e de onde foi difícil sair.
Não quero voltar aos soluços incontroláveis durante longas noites, quase intermináveis, aos dias dolorosos que tinha de ultrapassar com apenas duas horas de sono, dias em que evitava tudo e todos para não ver os seus olhares a julgarem-me uma coitadinha, uma incorrespondida em relação aos sentimentos que nutria desde há muito tempo.
Estou num momento em que ainda julgo evitar regressar a este local onde não quero estar, ainda posso evitar a evolução da situação, de uma forma que não pude fazer da primeira vez. Não me imagino com ele, não da forma como somos, não o imagino comigo mesmo que chegasse algum dia a gostar de mim. não quero pensar mais nisto mas torna-se difícil quando inesperadamente uma janelinha se abre no meu computador e é ele, quando pego no telemóvel e tenho uma mensagem dele.
Tento evitá-lo mas parece que o vejo em todo o lado, não quero pensar assim porque já sei onde isto vai chegar, já sei como sou.
Talvez se me convencer que não o quero mais, que apenas me interessei por ser a única pessoa cativante que tinha entrado na minha turma, e uma das poucas companhias masculinas agradáveis.
Quem sabe esta paixoneta se deva à minha necessidade algo desesperada de encontrar alguém que consiga preencher este vazio que prevalece mesmo que o tente evitar custosamente. Não estou desesperada, apenas à espera de encontrar uma pessoa que me percebe, que tenha um nível elevado de maturidade, algo que me parece cada vez mais improvável nos adolescentes de hoje em dia.
Faz-me falta uma companhia algo mais adulta, mais madura, mais completa, que me ajude com os meus dilemas e não me prenda apenas nos seus, como o narcisismo que atingiu a população mundial entre os 12 e 18 anos, não sei como é possível tal culto de si próprios que se esqueçam dessa forma de formar uma personalidade interessante, ficando cada vez mais para trás, mais imaturos, mais perdidos na realidade alternativa que é a escola secundária.
Vou tentar ultrapassar esta crise amorosa, de indecisão crónica acerca do que quero realmente. Falta-me sensatez, tenho-a mas em doses demasiado reduzidas para a escolha que estou prestes a fazer.

Estou a apaixonar-me e não devia fazê-lo.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Segredos

Estou numa de reflectir sobre as pessoas.
Porque é que temos segredos? Porque é que há coisas que simplesmente somos incapazes de contar a outra pessoa? Deve-se ao medo de nos julgarem pelos nossos pensamentos mais secretos e obscuros ou porque nos queremos proteger, proteger o nosso íntimo das pessoas que mesmo sendo próximas ainda são capazes de nos magoar?
Não sei o que pensar, mas será que um segredo apenas porque o partilhamos deixa de ser um segredo? Mesmo que seja apenas contado a apenas uma pessoa?
Ultimamente tenho-me escondido cada vez mais em mim própria, tenho cada vez mais segredos.
Muitos até gostava de os partilhar, mas apartir do momento em que se partilha algo estamos a assumir a sua veracidade e é impossível escondê-los novamente, esquecê-los.
Quando não guardamos as coisas só para nós acabamos por de uma forma ou de outra por ver os nossos segredos a chegarem a pessoas que não queríamos, por acidente ou má intenção.
Somos os únicos verdadeiramente capazes de guardar os nosso próprios segredos porque a partir do momento em que mais alguém sabe estamos em risco, por mais que confiemos na pessoa que agora detem essa informação, não podemos estar plenamente certos da sua conduta, até porque essa pessoa pode nem ter conhecimento do significado da questão para si.
Basicamente, a partir de hoje os meus segredos são meus, é demasiado arriscado quando coisas que nem eu própria julgo importantes se encontram na mão de outra pessoa, e essa pessoa tem a capacidade de as divulgar se assim entender.
Espero não ferir ninguém com a minha opinião mas só estamos realmente seguros conosco próprios.

Estou farta de neve

Hoje foi um dia particularmente mau.
Estive na aldeia dos meus avós maternos. Voltámos para Chaves depois de almoço, e como o carro tem andado meio parvo decidiu avariar quase no princípio, mas quando já estávamos suficientemente longe de casa dos meus avós para voltarmos.
O meu pai lá se esforçou para pôr o carro a voltar a trabalhar e durante uma hora, andávamos 50 metros e o carro ia-se...
Já comentei que estava a nevar imenso? Pois, estava tudo coberto por um manto de neve quase uniforme, os vidros do carro gelavam facilmente, a estrada estava escorregadia, continuava a nevar continuamente, Basicamente: fantástico.
Depois o carro parou definitivamente, e adivinhem? Durante o caminho todo tínhamos parado em locais onde havia casas, um café, uma bomba de gasolina, mas o carro decidiu parar definitivamente num lugar onde não havia nada, tudo completamente branco para a direita, tudo completamente branco para a esquerda, estrada interminável para trás e para a frente, também a ficar branca.
Os carros passavam e a sua consciência e boa vontade não era suficiente para pararem e perguntarem se queríamos ajuda.
Ligámos ao serviço de assistência que nos informaram que iam demorar mais ou menos uma hora se conseguissem passar, mais uma maravilhosa notícia.
Basicamente passei duas horas à espera do reboque com a minha irmã e os meus pais, dentro do carro, a tentar não entrar em hipotermia, com dois pares de meias e os pés ainda assim gelados e a ler "Sensibilidade e Bom Senso" para passar o tempo.
O táxi chegou primeiro que o reboque, duas horas depois da suposta chamada, o branco estava cada vez mais branco, o ar cada vez mais frio.
Mas a estrada à frente estava cortada portanto também não íamos conseguir passar de táxi. Felizmente um primo nosso passou nesse momento com um gipe. O carro ficou lá no meio do nada, com o taxista que também era dono do reboque à espera que esse nos levasse o carro e nós fomos para Chaves no gipe.
Ainda agora me dói a cabeça. Maldita neve.
A única coisa boa é que amanhã muito provavelmente não tenho aulas... Muahaha.

Mais um selinho

Mais um selinho lindo da S.
Muito obrigada, é mesmo bonito.



E dou este selinho a todos os que passarem pelo meu blogue e o queiram para si, e principalmente para os meus seguidores e leitores frequentes.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Silêncio impenetrável

"Acordo, mais uma vez, com o toque da minha mãe no meu ombro.
Abana-me violentamente para que desperte, mas não o quero fazer, não quero voltar para esta sociedade na qual me sinto tão deslocada e com razão.
A minha mãe como sempre fala, e eu como sempre não oiço, melhor dizendo não sou capaz de o fazer.
Não quero que me vejam como uma coitadinha que não tem a capacidade de ouvir, uma pessoa surda que merece a compaixão de toda a gente, mas não sou isso. Para evitar estas situações de condescendência não me esqueço de colocar os discretos auriculares nos ouvidos para que pensem que estou apenas desatenta.
Cruzo-me com milhões de pessoas e só consigo pensar na altura agradável em que ainda era capaz de ouvir o que diziam, em que não tinha de me esforçar por reparar no movimento dos seus lábios para perceber as palavras que proferiam quando antigamente nunca me preocupara em fazê-lo.
Desde que perdi a minha capacidade auditiva que tudo me pareceu diferente, mas nada havia mudado, apenas eu. Chorei durante dias pela impossibilidade de ouvir música e de ouvir a chuva a bater na janela, restava-me apenas caminhar até à rua e sentí-la cair, a incapacidade de ouvir o meu próprio choro patético, por nunca mais poder ouvir ninguém a dizer que me ama, posso ver uma pessoa a representar essas palavras com as mãos, escritas num papel ou até lê-las nos lábios de alguém, mas não poderei ouvi-las, e como posso saber que são reais se não o posso fazer?
A única música que oiço são as melodias do meu pensamento, os sons que ainda consigo reproduzir mentalmente, a que me agarro afincadamente mas que começam a esvair-se, a perder-se algures pelo caminho, um dia destes a minha vida vai ser finalmente apoderada na totalidade pelo silêncio que agora abomino, não conseguirei viver depois desse dia.
Talvez isto seja uma despedida, ou quem sabe não. As pessoas que antes queriam estar comigo agora esforçam-se por não se cruzar comigo para não terem de me dirigir a palavra e se esforçarem por me compreender. Perdi a capacidade de ter conversas com todos, já poucos se interessam realmente em ouvir-me, ao contrário dos muitos que páram para me perguntar se está tudo bem apenas para sentirem que fizeram uma boa acção ao falarem com a rapariga surda.
Entretanto fechei-me nos livros, li mais do que alguma vez tinha feito anteriormente, tenho suficiente tempo livre para isso... Não me posso dedicar à música, o violino ficou definitivamente pousado no cimo do armário pois não tenho coragem suficiente para me despedir dele e devolvê-lo e não tenho paciência suficiente para sem ouvir o que toco me esforçar imensamente, lutando contra o impossível, tocando com a minha surdez.
Eu conseguiria viver se as pessoas que me conhecem não tivessem pena da situação em que me encontro, se os meus "amigos" o fossem o suficiente para tentar lidar com a situação assim como eu tive de lidar, amizade profunda posso dizer.
Provavelmente quem ler isto vai achar-me profundamente patética por me lamentar desta forma mas nada me resta senão fazê-lo.
Gostava de no outro dia ter tido coragem suficiente para empurrar a lâmina mais profundamente na minha pele mas não o consegui fazer, como ficaria a minha mãe nesta situação? Pode ser que algum dia um qualquer médico consigo encontrar uma forma de resolver esta situação, ou pelo menos com um qualquer estudo estapafúrdio conseguir que eu tenha a sensação de som novamente através de choques eléctricos no cérebro ou sei lá...
Muito do que me definia antes relacionava-se com a minha capacidade de ouvir, muito focava-se na minha paixão pelos sons de todos os lugares, e agora eles continuam lá mas eu já não tenho capacidade de os ouvir, com a minha surdez perdi também essa parte da minha personalidade e a oportunidade de mostrar a outra ao mundo. Só me resta escrever sobre um mundo sem som, onde as descrições são meramente visuais e as auditivas se baseiam na minha capacidade imaginativa de como será ouvir realmente a água de um rio a correr ou a simples voz de uma pessoa."

O meu continho

Tenho definitivamente de falar disto. Para quem não sabe no ano passado concorri a um concurso de Jovens Escritores. Por um milagre ganhei entre os milhares de participantes e era suposto publicarem a história. Pensei que pensavam fazer um livro mas os espertinhos decidiram publicá-lo online...
A minha é a segunda história e para quem estiver interessado está aqui. Se quiserem digam-me depois o que acharam. Vou agora lê-la outra vez para ver se não alteraram muito a minha história.
Beijos*

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Marianne ou Elinor?

Estou a ler "Sensibilidade e Bom Senso" de Jane Austen. Estou praticamente no princípio, ainda, mas já me começo a questionar acerca de como lido com estas situações amorosas. Serei mais sensível ou sensata? Identifico-me mais com a paixão desmesurada de Marianne ou com o controlo inabalável de Elinor?
Nestas questões estamos todas (feminino porque penso que isto não se aplica em geral aos homens) condicionadas pelo dito coração e pelo cérebro. Devemos deixar-nos levar quando tudo parece que vai correr mal ou contermo-nos, perdermos memórias que nos marcariam como todas fazem optando por não viver?
Eu sou naturalmente impulsiva, tenho tendência a decidir as coisas no momento mas mesmo assim ainda pondero exaustivamente nos segundos que antecedem a escolha. Mas quando se trata do dito "amor", que acho que não lhe posso chamar isso na minha idade no meu caso, penso imenso, imagino tudo ao pormenor, as consequências de cada palavra que vou dizer, de cada decisão que tomo. Escondo muitas vezes o que sinto, mostrando-o apenas subtilmente para ver um lampejo da reacção da outra pessoa, para não me atirar de cabeça para o vazio porque isso nunca pode correr bem.
Mas quando sinto que a outra pessoa nutre algum afecto por mim dou-me por inteiro, demasiado provavelmente, porque o que geralmente acontece é que saio magoada da situação.
Com as relações que correram mal fiquei cada vez mais "Elinor", mais fechada e contida, amando com igual intensidade que a irmã, mas sendo-lhe impossível demonstrar tal afecto por medo de sofrer e por respeito às regras sociais, algo absurdas da época.
Quem me dera ser mais "Marianne" por vezes, talvez encontre uma maneira de voltar a transparecer essa minha faceta.

P.S: Desculpem a imagem mas não arranjei nenhuma decente da capa do livro. Quando acabar de ler faço uma apreciação global. Beijos*

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Desabafos de uma engripada

Naqueles dias em que não fazemos nada nem temos disposição para o fazer o que é suposto fazermos? Quando a casa está vazia e ninguém nos olha, quando estamos sozinhos, com a cabeça a latejar, a garganta irritada, seca, que nos magoa de cada vez que engolimos a nossa própria saliva, o que devemos fazer? O que devo fazer?
A simplicidade do meu dia passou-se a deambular pelo corredor único da casa, de divisão em divisão, tentando encontrar algo de interessante em que focar a minha atenção fora a enxaqueca que me abalava e me fizera ficar em casa, encerrada entre quatro paredes ainda mais redutoras que o ambiente que me rodeia do outro lado da porta da casa.
Não me interessa sequer olhar pela janela pois nada de interesse decorre na monotonia desta rampa ladeada de casas, um carro de 20 em 20 minutos ou num período mais espaçado, pessoas que correm a almoçar em casa, regressam e saem novamente, enquanto eu estou encarcerada.
É nestes momentos que preferia não ser eu, ser uma pessoa que na ausência de outra coisa para fazer não reflecte sobre tudo e mais alguma coisa, tirando conclusões erradas, suposições negativas, pensamentos redutores que ninguém ouve portanto ninguém é capaz de contrariar.
Tentei escrever, mas a folha de papel vazia à minha frente é assustadoramente clara, obscuramente impossivel de preencher com o ânimo que se apodera de mim no momento, inalcançável do ponto de vista de uma rapariga engripada a tentar fugir à acção de "não fazer nada".
Finalmente decidi ceder e deitar-me perdedoramente na cama a ouvir música, de maneira preguiçosa, tentando que o tempo passasse mais depressa, para que o silêncio acabasse, para que a tarde chegasse ao fim e finalmente pudesse disfrutar de alguma companhia que não a minha chávena amarela, que me aquece a garganta com o líquido quente e aconchegante que sorvo dela, e o odor a caramelo e baunilha que suavemente obstrui as minhas narinas torturadas por lenços de papel que se amontoam nos meus bolsos.
Como queria não estar doente. Maldita gripe.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Nadando à chuva





Vagueio sem rumo numa cidade chuvosa. Quando saí de casa estava um sol imenso e quente que nos mostrava o Verão que eu conheço. Mas o Verão aqui é diferente.
"Já não estás mais em casa, Andreia. já devias saber isso."
Aqui as casas são estreitas e altas, parece que todas se empurram umas às outras, comprimindo-se cada vez mais, enquanto crescem para o céu.
As nuvens plúmbeas confirmam a chuva eminente, que eu senti com um arrepio na coluna, quando saí de casa, desci os curtos degraus e inspirei uma longa lufada de ar fresco.
A senhora que antes se despedira de mim desde a soleira da porta com um adeus numa língua que não é a minha mas que consigo perceber já se refugiara novamente no calor confortável da sua casa.
Visto a gabardine amarela que tinha guardada na mochila como último recurso a este tempo instável de Cambridge.
Corro as ruas sem reconhecer um rosto, mas isso não importa, gosto da sensação de solidão deliberada, da capacidade de me distrair de todos os olhares que se fixam em mim reprovadoramente, enquanto perscruto tudo e todos com os meus olhos castanhos, maravilhados com a simplicidade de tudo e de nada.
Há lojas mais à frente e os maravilhosos músicos de rua que me iluminam o rosto instantanemente, com as suas melodias, apenas suas, sem se venderem à sociedade, garantindo a todos um prazer instantâneo sem pedirem nada em troca necessariamente, mas esta minha fixação por músicos de rua é outra história.
Passo por um jardim e sento-me a observar as crianças que passam a correr falando com um sotaque britânico adorável. Uma menininha fixa-se em mim, talvez parece lhe pareça estranha, de outro sítio, e sou, mas não julgava que estivesse tão presente para quem se cruza comigo. A menina correu a apanhar uma florzinha amarela e colocou-ma na orelha.
"This matches with your raincoat. You should smile more, you know?"
Sim, eu sei que devia sorrir mais mas é praticamente impossível manter um sorriso constante.
Ela partiu entre o meu pensamento comigo mesma e o meu obrigado no português que não consegui controlar.
Continuei a minha viagem e parei numa ponte que se erguia sobre um pequenino rio, aliás, uns canais estreitos que ladeavam a famosa universidade.
Olhei o meu reflexo e pensei comigo mesma que precisava mesmo de sorrir. Começou a chover.
Sorri aí, tirei a gabardina e saltei para a água. Não era muito profunda, estava gelada, quase sufocante. Com isto as pessoas que desenfreadamente corriam para escaparem à chuva, em cima dos seus saltos altos, cobrindo o os cabelos que tão aprumadamente tinham arranjado, e olhavam-me em vislumbres rápidos, condenando a estrangeira que contrariava a realidade pacata das pessoas mundanas.
A menina passou pela ponte e sorriu para mim.
"That's a smile."