A solidão que me assombra desfigura todo o meu rosto, lavando-o com as minhas lágrimas que tendem teimosamente em turvar-me a vista num lusco-fusco confuso que torna tudo o que me rodeia imperceptível para estes olhos maltratados.
Sinto-me uma prisioneira de mim mesma, deste inútil corpo humano que tão facilmente cedeu aos caprichos do tempo enviando-me para um precipício sem fundo.
Caio. Caio cada vez mais, está cada vez mais escuro, mais frio. Quando finalmente parece que me ergo a queda é mais violenta e dolorosa, trespassando não só o corpo como a alma. Trás-me dor, deixa em mim marcas, cicatrizes, que só o tempo curará (ou talvez nem ele tenha capacidade de o fazer). Quem me observasse veria um sorriso falso, alguns sinais pelos quais poderia culpar o cansaço, mas fixando-se nos meus olhos veriam a escuridão que agora encobre o seu brilho antes tão resplandescente.
Choro. Pois nada mais me resta fazer. Já falei, chorei, escrevi, chorei, voltei novamente a chorar.
Tento. Tento acalmar a dor que me magoa o peito, o vazio que o habita, tento escondê-lo pressionando-o com os meus braços, e apercebo-me assim da minha fragilidade.
A minha cabeça lateja, já nada mais tenho para chorar. Aos poucos permito que o cansaço e o sono me dominem, arrasto os pés com grande esforço para a cama e deito-me. Adormeço. Não sonho nesta noite, estou demasiado vazia para isso.
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