Hoje o céu parece pintado de uma imensidão de tons de azul, as estrelas brilham com a intensidade de mil sóis, é uma paisagem digna da "Noite Estrelada" de Van Gogh.
Aqui, deitada, no meio da escuridão e do vazio da noite, observo o que me rodeia, sinto a brisa suave que me arrepia a pele, os aromas florais, o cheiro do rio, a lua que disfarçadamente se esconde nas nuvens e com ainda mais intensidade sinto-me só. Aqui, deitada, escrevo, preenchendo lentamente esta página em branco, manchando-a com as minhas lágrimas. Escrevo até as palavras deixarem de fluir, até que o meu coração pare de bater descompassadamente, sempre na iminência de parar definitivamente.
Sinto que não mereço sofrer desta maneira, que um gesto, uma palavra tua poderia ter evitado todo o meu desgosto, uma palavra antecipada, um olhar menos brilhante, menos fugaz e espontâneo. Porque me olhavas assim? Talvez porque sentias pena dos meus melodramas, confiança e certeza, certamente pueris aos teus olhos.
Os olhos secaram. Não. Não te farei sofrer como me fizeste, não te mostrarei a dor que apunhalaria o teu coração, chega o meu sofrimento.
Olho o céu novamente. A lua surge com o seu brilho de prata, e sorrio, e o brilho renovado dos meus olhos rapidamente ofusca as minhas lágrimas. Da melancolia anterior apenas resta esta última lágrima que percorre delicadamente a minha face, abrandando no rebordo do meu queixo, e caindo finalmente na folha escrita, onde a única palavra que se distingue no meio de borrões ilegíveis de tinta é "Esperança".
os teus textos são sempre lindos.
ResponderEliminarEscreves muitos destes textos?