Este Verão foi algo que ficou gravado na minha memória, pelos momentos divertidos, a alegria quase constante, os sustos, os erros, os amigos, as despedidas, ...
Todos os dias sinto que revivo esses momentos, enquanto me sento numa cadeira na escola, "ouvindo atentamente" aquilo que os professores dizem, recordando a liberdade desses instantes em que não nos preocupámos com as consequências e vivemos.
Recordo o dia em que saímos sorrateiramente, as três, pela porta ao fundo do corredor que ninguém usa, aquela que faz um barulho estridente... em que começaste a tossir para que não se ouvisse, e eu e a Catarina descemos as escadas e nos sentámos no sofá, eu a fingir que tinha descido para beber água e ela simplesmente por estar comigo... Lembro as gargalhadas sonoras que soaram quando estávamos já longe de casa porque eras apenas tu a tossir...
Eu tremia, não de frio, de medo de sermos apanhadas, mas nada disso nos aconteceu...
Corremos a aldeia toda praticamente às escuras, apenas com as luzes das festividades da aldeiasinha... a Catarina agarrada a mim porque tem medo de cães. E o cão que nos assustou porque apareceu no exacto momento em que eu disse "Não te preocupes, aqui não há cães"? Há animais que deviam melhorar o seu sentido de oportunidade...
O café estava a aberto... Mas como? Eram três da manhã, portanto não é algo normal...
Entrámos e seguiram-se um milhão de peripécias engraçadas, pessoas a entrar e a sair, piadas partilhadas com amigos de Verão...
Mais tarde corremos até casa de uns amigos, tu tentaste tocar piano, infrutiferamente, não conseguias controlar propriamente os teus movimentos, nenhuma de nós conseguia, e a Catarina seguiu-se a ti, tocando as notas certas mas num tom altíssimo que devido à porta estar aberta ameaçava acordar os vizinhos...
Descemos as escadas a correr e caímos de cu, rimo-nos como loucas, até que nos decidimos levantar e ir embora...
Lembro-me que pelo caminho vi estrelas cadentes, e que a Catarina chorava agora agarrada a mim porque um cão nos estava seguir, ao estado a que as pessoas chegam com as suas fobias.... (ela sabe que estou a brincar...), mais ninguém as viu naquela semana, estávamos todas demasiado felizes para reparar no céu, todas menos eu, mas isso já são outras histórias...
Que insignificante, este relato, comparado com tudo o que aquele Verão significou para mim e para elas, ... Mas é assim que vou terminar o texto "Memórias de Verão I".
Sem comentários:
Enviar um comentário