segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Moonlight

A lua está linda hoje, mas quem é que reparou nisso? Quem se deu ao trabalho de perder uma milésima do seu precioso tempo a olhar uma pedra que gira em torno da Terra? Quem se preocupou em reparar que hoje a lua está em quarto minguante, ostentando uma belíssima luz em forma de C?
Se não reparaste, ainda vais a tempo de correr para a janela e observar um dos magníficos fenómenos que presenciamos na Terra, esta luz de prata magnífica que na infância nos cativa porque simplesmente não sabemos porque é que está uma pedra branca a brilhar no céu, e como é que está ali suspensa e não cai, porque parece não se mexer apesar de nós mudarmos constantemente de posição, e porque à vezes parece um C e outras um D, e como aparece completa e por vezes não a conseguimos ver no céu... Todas estas perguntas me são colocadas agora por uma criancinha de 5 anos, que tal como eu me interrogava, também admira aquele brilho espantoso.
Para alguns a lua é tão insignificante como qualquer uma das pedras nas quais tropeçam, que esmagam, encontram no asfalto, sem interesse e que não merecem um breve vislumbre de soslaio.
Foi sob esta mesma lua que eu dei o meu primeiro e tímido beijo, e lembro-me que estava linda nessa noite, ou talvez tenha sido toda a magia do momento a torná-la ainda mais especial.
Foi sob este mesmo céu incrustado de pequenos diamantes do passado (sim, porque nós apenas vemos o passado destas estrelas, algumas são a imagem de si próprias há séculos) que chorei por diversas vezes, quando senti a perda, refugiando-me na aconchegante luz das corpos celestes. Foi por elas que numa noite gélida de Inverno (e quem já abriu uma janela às 4 da manhã numa terrinha no meio da montanha sabe do que falo) me sentei no parapeito da janela a observar o infinito inexplorado do universo, a minha mente livre de questões, apenas os sentidos a usufruirem da beleza, as mãos a gelarem até ser impossível senti-las, a garganta a doer, mas a alma completa, preenchida, lançada nas teias do sonho, preparada para enfrentar as adversidades do dia seguinte porque, à noite, teria sempre o consolo das estrelas e da lua.

Será assim tão mau lançar um olhar a tudo o que nos rodeia?

Quando é que as pessoas começaram a alhear-se da realidade, a viverem num mundo à parte, criado pelos humanos para os humanos, onde as estrelas se tornam indistintas no céu azul devido à iluminação tão forte e desnecessária que nos priva dos momentos em que tentamos diferenciar as constelações no céu, procurando padrões, unindo-as para formarem desenhos.
Quando é que perdemos a capacidade de sonhar?

Não te esqueças, se ainda não viste a lua hoje, ainda vais a tempo.

1 comentário:

  1. olá :D
    bem, em primeiro lugar, não tens que quê. Uma pessoa que escreve tão bem como tu tinha que ter o seu próprio blog, acho que só te faz bem :D

    Quanto aos textos que li, estão excelentes como sempre. Tens um vocabulario riquissimo e consegues dar beleza aos textos. Poderias perfeitamente escrever um livro, tens capacidade para tal.

    Acho bem que vás variando o estilo de escrita. Para desenvolveres mais e nao caires na monotonia.Tens capacidades, portanto estás á vontade para as explorar. Muito boa sorte

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