terça-feira, 11 de maio de 2010

para alguém que eu conhecia...

... não sei o que te dizer. Normalmente celebraríamos alegremente o dia de hoje, mas não neste momento, não neste impasse em que estamos, não sei o que somos porém estamos diferentes daquilo que éramos.
Hoje vou visitar a cerejeira. Já não o faço há muito tempo, tenho medo dos pedaços que perdi por lá. Neste momento não me fazes falta, não te substituí, não considero possível substituir as pessoas, deixei um lugar vago que não me é necessário para o caso de quereres regressar e de eu te querer de volta.
Não choro mais lágrimas pelo passado, temo ter esquecido muito do que partilhámos num momento de raiva contida e de dor, no entanto recordo alguns momentos, alguns sorrisos, algumas palavras.
As minhas lágrimas secaram acompanhando o lento adeus à saudade que sentia. Já não sinto. Não esqueço mas também não anseio reencontrar-te, não enquanto não voltares a ser a pessoa que eras. Quem sabe e algum momento das nossas vidas os nossos caminhos se cruzem e sejamos as mesmas pessoas que fomof ou pelo menos compatíveis. Não sei...
Foi agradável, os risos, as noites a olhar o céu, as conversas, as perspectivas semelhantes, os sonhos comuns, os momentos, as músicas, os filmes, as frases, as lágrimas, as conversas, as viagens, a infência. Tudo isso continua aqui, ou pelo menos fragmentos soltos, mas tu não.
Não me arrependo, espero que tu também não. Peço desculpa por ter desisido de ligar, por me ter afastado mas tive de fugir à espiral descendente para a qual me dirigia a este ritmo desanimador. Tive de desistir, por mim e por ti, mas mais por mim. Fui egoísta mas não importa. Fi-lo por não conseguirmos continuar a falar continuamente quando tínhamos vidas diferentes e éramos distintas, demasiado distintas, un não consigo lidar com a pessoa que és agora, desculpa-me mas não posso, não sou masoquista, prefiro conservar a imagem da pessoa que eras, da pessoas de quem eu gostava, que não me deiludia tanto como agora, que não me atingia tanto com a sua superficialidade.
Não preciso de ti, não o tomes de forma perjorativa porém parece-me mútuo e espero que sejas feliz assim como o estou a ser.
Isto pode não ser definitivo, para já é apenas uma medida para tornar mais suportável a minha sobrevivência. Apenas faço isto para termos algo a que associar este adeus, para podermos culpar esta carta e dizer que foi a partir deste momento que nos distanciámos, apesar de sabermos que foi anterior a isto.
Espero sinceramente que sejas feliz e que traces o teu caminho da forma que te parecer mais correcta assim como eu estou a seguir o meu.
Sempre que olho as estrelas sorrio, mesmo imaginando que já não vais estar lá, mas isso não importa, as estrelas continuam lá e eu continuo aqui...
Não espero uma resposta, não precisamos dela. Aceito o silêncio como uma anuência não verbalizada nem escrita. Apenas a certeza de que estamos melhor assim.
Adeus.
Andreia.

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