quarta-feira, 21 de abril de 2010

Consigo ouvir a minha própria respiração forte e ruidosa acima do som melodioso do piano. Falo daquele tipo de inspirações fortes que se fazem rapidamente, tentando inspirar todo o mundo na esperança de pararmos a espiral descendente que nos leva para o fundo, e as expirações que são autênticos suspiros. A respiração que antecede o choro.
O que acontece é que já me sinto a chorar mas sem sequer sentir as lágrimas a cairem-me pelo rosto.
Se estou a magoar alguém neste momento é a mim própria e apenas por pensar demasiado, por tentar evitar que as coisas sigam o seu rumo normal, por tentar atrasar o inevitável ou aproximar algo que não devia.
Quero poder ficar aqui, parada, a ouvir Yann Tiersen, sem ninguém a incomodar-me, sem nenhuma ligação ao exterior, incapaz de comunicar, incapaz de sentir outra coisa que não a incerteza, a dor e a vontade de chorar.
No entanto parece que as minhas lágrimas secaram e que não sou capaz de as fazer descer as minhas faces, talvez fosse melhor chorar mesmo.
Só sei que em pouco tempo vou ter que encarar a sociedade e vou ter de colocar a máscara sorridente e hipócrita para que ninguém se questione, para que não sejam feitas perguntas e eu passe desapercebida.
Vou ouvir outra vez a melodia que sabe melhor o que sinto do que aquilo que eu sou capaz de expressar por palavras. Talvez ao compreender a música seja capaz de me compreender a mim própria.
Talvez...

1 comentário:

  1. É do melhor ter de encarar a sociedade em dias assim !

    Se eu for para o Liceu , fazemos uma sociedade só nosso !

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