domingo, 18 de abril de 2010

nonsense #1

Um friozinho ligeiro nas pernas destapadas. Arrepios em todo o corpo, ligeiramente apaziguados pelos movimentos das suas mãos nos seus braços, uma fricção ligeira para se aquecer, as pernas enconstadas ao peito para não deixar o calor sair.
À sua frente uma noite estrelada, num céu imenso, um mar escurecido pela noite, iluminado ligeiramente pelos barcos que percorriam a costa, deixando um rasto com as suas lanternas e luzinhas, assemelhando-se a estrelas a flutuar no mar.
O mar batia na areia e produzia aquele som que parece acalmar tudo, apaziguar tudo, até o coração mais ferido e revoltado, ali tudo parecia certo, tudo estava bem, tudo era perfeito, até o frio que perturbava o equilíbrio térmico do corpo dela.
Observando o céu não se sentia sozinha, sentia-se acompanhada pelas poucas constelações que conseguia identificar e pelas que desconhecia e ainda pelas que não conseguia encontrar naquele mapa tão difícil de decifrar.
A primeira a merecer a sua atenção era sempre a cassiopeia, das poucas que estava sempre lá, independentemente do momento, do lugar, da companhia, do seu estado de espírito, estava sempre lá, nas noites frias de Inverno na sua varanda e nas noites abafadas de Verão, algures no meio do nada.
Para alguns a Estrela Polar era uma guia, orientando os marinheiros no alto mar, mas para ela a Cassiopeia era a companheira silenciosa daqueles momentos de solidão, que presenciara muitos dos instantes fulcrais da sua vida, que ela procurava olhar para regressar ao passado ou para projectar o futuro.
Deitou-se para trás e sentiu a areia húmida debaixo do seu corpo. Inspirou profundamente e fechou os olhos, reduzindo a sua observação do mundo à audição, ao tacto e ao cheiro. Pôde desse modo usufruir do cheiro a maresia que impregnava a praia, do som do mar, das ondas a formarem-se e a destruirem-se na areia, dos grãos finos que se agarravam às palmas das suas mãos.
Expirou. Voltou a inspirar. E simplesmente deixou-se ficar nesta rotina simples, nesta sucessão sequencial controlada, em que o antes era igual ao depois e ao agora. Limitou-se a desfrutar da monotonia que lhe agradava, da falta de movimento, fora o do ar a entrar e a sair dos seus pulmões, do mar e das estrelas.
Entretanto parara de tremer...

1 comentário:

  1. Oh Lobe , preferes que fique eu o a Alhinho com o lugar ãh ? ;D

    Oooh , deixa-me aproveitar , que para o mês que vem já sou Júnior -.-"

    Além disso , foi o Andebol que nos 'juntou' :'D

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