sexta-feira, 28 de maio de 2010

what's love?

Uma suave melodia na aparelhagem que há pouco tempo mudara de lugar, um ritmo acelerado, palavras proferidas com a mesma intensidade que a batida ritmada do seu coração, uma escuridão quase completa, uma luz difusa a tentar espalhar-se por toda a divisão, incapaz de se propagar e de enfrentar a totalidade da obscuridade em que tudo o resto se envolve, uma ausência de luz, agradável, penetrante, que permite a alma regressar do mais profundo canto da mente para o exterior protegido pela escuridão.

Não sei o que pensar, não sei o que dizer. Os vários rostos que me observam desde a parede, com a sua beleza lendária, o seu carisma único, incomparável, os seus sorrisos, o seu charme natural, a sua facilidade de encantar. E aqui estou eu, num nível abaixo, na tentativa de marcar ligeiramente alguém ao longo da minha vida, com a minha personalidade genuína, nada equiparável às várias encarnadas por todas estas pessoas que ouvem as minhas lamúrias diárias, presenciam as minhas vitórias.
Suspiro de cada vez que observo as diferenças entre as noções de amor de ontem e de hoje, a honra que se perdeu pelo meio, o sentimento ardente perdido algures entre os anos, entre a evolução da espécie, ou neste caso, regressão.
A sociedade parou. Os abraços apertados, os amores loucos e destemidos, a falta de facilidades que nos facilitem a tarefa de “amar” estão lentamente a roubar-nos aquilo que é genuíno e é isso que me falta, um bocado dessa genuinidade, desses pormenores que me fazem suspirar e me prendem ao ecrã indefinidamente à espera para saber o que é que o vento levou, qual é o pequeno-almoço no Tiffany’s ou até porque é que Paris delira, e por instantes imagino a felicidade desses dias, desses momentos que ainda espero presenciar e viver, o amor, não sei se as pessoas ainda amam assim, eu pelo menos ainda não tive essa oportunidade, mas estou à procura dela…
Estou à espera do momento em que alguém diga que me ama e que eu seja capaz de retribuir calorosamente, com um sorriso ardente e deleitado, verdadeiramente, com a paixão a fluir por todos os meus poros, segura num abraço forte que não me quer largar e que eu não quero largar.
Esse toque, por fugazes momentos e seria suficiente, uma memória, uma palavra suspensa no ar e a pessoa certa a quem a dizer de volta.

domingo, 23 de maio de 2010

latest books

Para já não tenho grande vontade de fazer uma apreciação das minhas mais recentes leituras mas depois faço um breve sumário de cada uma, para já a listinha (bem pequena):
  • Alice do outro lado do espelho de Lewis Carroll (finalmente arranjei-o)
  • Julie & Julia de Julie Powell
  • Persuasão de Jane Austen
  • Cartas de Amor de Grandes de Mulheres de Ursula Doyle
  • Cem anos de solidão de Gabriel García Márquez
  • Jardim do Éden de Ernest Hemingway
Não me lembro de mais nenhum... =)
Há algo revigorante no ar, uma brisa fresca que se destaca entre a onda de calor que cobre toda a cidade...
Algo mudou, não fui eu, não foram as circunstâncias mas há algo diferente. Uma sensação de liberdade, de possibilidade de escolha.
De neste momento me poder sentar na minha varanda a ver a chuva cair, a sentir o cheiro a terra molhada, a sentir o calor de verão atenuado pelas gotas frias, e sentir réstias dessas mesmas gotas a humedecerem os meus pés após ressaltarem no parapeito. Há ainda o som, grotesco para alguns, da trovoada, da electricidade, da força, de algo que me supera, do belo-horrível, de poder encontrar beleza mesmo nos piores momentos.
Não sei o que vou fazer a seguir, não sei para que casa avançar, qual das casas do tabuleiro será mais favorável para mim, as brancas ou as pretas. Este jogo de xadrez parece um daqueles intermináveis, com recuperação de peças, aniquilação de outras, perdas e vitórias, mas não me apetece premeditar e ponderar demasiado a jogada seguinte, vou apenas mover-me, porque não importa, o jogo vai a meio, ainda ninguém perdeu nem ganhou nada, temos a hipótese de beneficiar ambos. Xeque.

muahahah

(from: PostSecret)

day 09/10/11/12

Day 09 - A song that makes you fall asleep
Clair de Lune - Debussy

Day 10 - A song from your favorite band
Before is too late - Goo Goo Dolls

Day 11 - A song that no one would expect you to love
Can't Fight The Moonlight - LeAnn Rimes

Day 12 - A song that describes you
Beautiful Disaster - Jon McLaughlin

sexta-feira, 14 de maio de 2010

day 08

A song that you can dance to



=)

day 07

A song that reminds you of a certain event

quinta-feira, 13 de maio de 2010

doubt

Uma frase solta, palavras sentidas lançadas no ar num momento de sinceridade exagerada. Algo que se queria dizer mas se temia, temia-se as consequências gerais e particulares de tal acto, de um gesto apaixonado, talvez demais, de um pouco mais de verdade, de algo visível aos olhos de todos mas que se recusava verbalizar.
Encontro-me algures neste impasse. No momento antes de admitir, enquanto se ponderam as consequências e as possíveis respostas e todas elas me parecem estranhas, algumas desastrosas.
Preciso de um momento de clarividência, de um gesto ou uma palavra que me incite, mas como sei que não vem tenho de tomar uma decisão e agira da forma que quero, atirando-me voluntariamente ao abismo da incerteza, temendo a queda desamparada, a possibilidade de encontrar nada mais que o vazio. E se não for assim? E se a resposta até for agradável, algo melodioso aos meus ouvidos? Não faço ideia como reagir. A questão não é só: o que dizer, como o dizer? E se correr mal?....
O meu maior problema é talvez e se correr bem? Como é suposto agir?
Quero, obviamente que quero que corra bem, que quero sorrir, ou até chorar com a possibilidade feliz de ter alguém que se interesse por mim, se não for assim é fácil ultrapassá-lo mas...
Estou imensamente confusa e quero acabar com isto, gostava de ter uma resposta à pergunta que ainda não fiz, e não vou fazer, mas vou  responder eu própria a essa pergunta. Preciso de um pouco mais e incentivo mas vou fazê-lo, prefiro não me arrepender de o ter feito, porque as probabilidades são iguais, e quem sabe até estejam mais a meu favor, não faço ideia.
Quem sabe amanhã já tenha certezas onde hoje encontro dúvidas.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

day 06

A song that reminds you of somewhere



esta é bastante fácil, mas mesmo assim vou pôr duas completamente diferentes que me lembram do mesmo sítio, porque as ouvimos lá, porque vivemos momentos incríveis por causa delas, porque a melodia de uma ainda me embala nos momentos maus enquanto que o ritmo e a estupidez da outra me fazem sorrir indiscritivelmente por causa das situações... Ah, lembram-me de GR....

day 05

A song that reminds you of someone

estas duas lembram-me imenso de uma amiga minha completamente viciada em música, se ela vir isto sabe... Não sabia mesmo o que escolher nem quem escolher daí a dificuldade e o atraso...

terça-feira, 11 de maio de 2010

para alguém que eu conhecia...

... não sei o que te dizer. Normalmente celebraríamos alegremente o dia de hoje, mas não neste momento, não neste impasse em que estamos, não sei o que somos porém estamos diferentes daquilo que éramos.
Hoje vou visitar a cerejeira. Já não o faço há muito tempo, tenho medo dos pedaços que perdi por lá. Neste momento não me fazes falta, não te substituí, não considero possível substituir as pessoas, deixei um lugar vago que não me é necessário para o caso de quereres regressar e de eu te querer de volta.
Não choro mais lágrimas pelo passado, temo ter esquecido muito do que partilhámos num momento de raiva contida e de dor, no entanto recordo alguns momentos, alguns sorrisos, algumas palavras.
As minhas lágrimas secaram acompanhando o lento adeus à saudade que sentia. Já não sinto. Não esqueço mas também não anseio reencontrar-te, não enquanto não voltares a ser a pessoa que eras. Quem sabe e algum momento das nossas vidas os nossos caminhos se cruzem e sejamos as mesmas pessoas que fomof ou pelo menos compatíveis. Não sei...
Foi agradável, os risos, as noites a olhar o céu, as conversas, as perspectivas semelhantes, os sonhos comuns, os momentos, as músicas, os filmes, as frases, as lágrimas, as conversas, as viagens, a infência. Tudo isso continua aqui, ou pelo menos fragmentos soltos, mas tu não.
Não me arrependo, espero que tu também não. Peço desculpa por ter desisido de ligar, por me ter afastado mas tive de fugir à espiral descendente para a qual me dirigia a este ritmo desanimador. Tive de desistir, por mim e por ti, mas mais por mim. Fui egoísta mas não importa. Fi-lo por não conseguirmos continuar a falar continuamente quando tínhamos vidas diferentes e éramos distintas, demasiado distintas, un não consigo lidar com a pessoa que és agora, desculpa-me mas não posso, não sou masoquista, prefiro conservar a imagem da pessoa que eras, da pessoas de quem eu gostava, que não me deiludia tanto como agora, que não me atingia tanto com a sua superficialidade.
Não preciso de ti, não o tomes de forma perjorativa porém parece-me mútuo e espero que sejas feliz assim como o estou a ser.
Isto pode não ser definitivo, para já é apenas uma medida para tornar mais suportável a minha sobrevivência. Apenas faço isto para termos algo a que associar este adeus, para podermos culpar esta carta e dizer que foi a partir deste momento que nos distanciámos, apesar de sabermos que foi anterior a isto.
Espero sinceramente que sejas feliz e que traces o teu caminho da forma que te parecer mais correcta assim como eu estou a seguir o meu.
Sempre que olho as estrelas sorrio, mesmo imaginando que já não vais estar lá, mas isso não importa, as estrelas continuam lá e eu continuo aqui...
Não espero uma resposta, não precisamos dela. Aceito o silêncio como uma anuência não verbalizada nem escrita. Apenas a certeza de que estamos melhor assim.
Adeus.
Andreia.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

day 04

A song that makes you sad


apesar da má qualidade da imagem a música é linda, deixa-me com aquele aperto estranho no peito, faz-me pensar. Não me deprime mas deixa-me com uma sensação muito próxima de tristeza. Quando estou em baixo e a oiço desarmo-me completamente e permito-me a mim própria chorar, muitas vezes nem o consigo controlar... é linda, e apesar de me deixar triste adoro-a.

domingo, 9 de maio de 2010

day 03

A song that makes you happy

esta música faz-me sorrir invariavelmente, e o videoclip é a coisa mais engraçada e queridinha de sempre. Esta música obriga-me a sorrir e a cantá-la enquanto ando aos pulinhos a fazer palhaçadas e a fingir que sou uma borboleta.
Não é uma música que eu adore, que esteja no meu top 10 mas deixa-me feliz, não lhe consigo associar nada triste. Smile =)
 
lenka - the show

sábado, 8 de maio de 2010

day 02

Day 02 - Your least favorite song
Pensei em pôr a do pingo-doce mas acho que essa é universalmente odiada, portanto aqui está uma música que me irrita imenso, que eu odeio em tudo, e por a odiar tanto sei a porcaria da letra de cor e quando a estou a ouvir dou por mim a cantá-la, mas pronto... Enjoy (or maybe not).



milow - ayo technology

#3

As pálpebras pesam, a vitalidade do dia já se perdeu à muito tempo, gasta como a luz do sol, ou, talvez, apenas escondida por umas horas.
A música continua a ressoar nos meus ouvidos ou talvez seja apenas na minha mente, como uma melodia decorada, infinita, repetida uma imensidão de vezes, algumas incompreendida, outras completamente irreconhecível...
Tenho o corpo entorpecido pela chuva de hoje, senti as gotas a fustigarem-me directamente o rosto, com uma força avassaladoramente agradável. Nesse momento tirei o casaco ao contrário da normal reacção dos restantes que fugiam amedrontados com a água. Senti a água a encher-me rapidamente o corpo, a preencher os espaços em branco da pessoa que sou, a responder por minutos às perguntas que ainda agora se mantêm, a fazer com que tudo valesse a pena, todo o sofrimento, as lágrimas, a dor, os risos, as perdas, as loucuras, os poucos castigos, a felicidade instantânea numa gota de chuva, o epítome de alegria com uma chuva constante, dura, fria, verdadeira. Uma sensação verdadeira, algo palpável, algo real, que todos podemos sentir, a que toda a gente tem direito, apenas tem medo de experimentar.
A brutalidade e rapidez dos meus pensamentos impede-me ligeiramente de escrever concisamente mas não consigo parar, não vale a pena, tenho de libertar tudo isto, tudo o que conti por dias, semanas, sei lá, durante demasiado tempo, é sempre demasiado tempo.
Agora grito, não literalmente, mas silenciosamente, através de palavras, das minhas palavras, não de palavras estudadas, palavras do momento, sentidas por cada célula do meu corpo.
Não sei o que sinto neste momento mas é algo estranho e forte, agridoce, tocante. O meu coração palpita com uma velocidade estonteante, e por momentos saio disto, deste quarto, desta sociedade, desta felicidade contido para tudo, para o todo, para a minha realidade, para a minha folha de papel, para mim mesma...
Silêncio, novamente.
Ainda consigo ouvir a minha respiração. O palpitar do meu coração, as sístoles e a grande díastole ressoam nos meus tímpanos. Os meus olhos fechados vêem os riscos que parecem electrificados nas minhas pálpebras fechadas, laivos de luz no meio escuridão. Explosões eléctricas. Relâmpagos. Trovoada. O som fantástico do belo horrível. E voo para aquele dia, sentada em frente à janela de vidro gigante, no escuro, a observar a cidade escura a ser iluminada pelos raios de luz, com um sorriso de menina mal comportada à espera que os pais entrassem no quarto para lhe dizerem que não devia fazer aquilo. Eles não vieram e o sorriso prevaleceu.
E ainda agora sorrio assim. Sorrio estupidamente pelo passado, por ser assim, por gostar disso, por gostar do cheiro a terra molhada, a tinta fresca, a gasolina e a fósforos acabados de queimar. Por gostar de andar descalça em cima da relva húmida de orvalho. Por gostar de música que quase ninguém ouve, por gostar de momentos que quase ninguém vê, por ser eu, por não querer mudar, por ser uma romântica incontrolável e adorar isso. Por chorar constantemente, por ser frágil e forte, por gostar da Alice e do Principezinho, por adorar desenhos animados, por ser infantil e madura...
Ai, sinceramente não compreendo de onde surgiu tudo isto, mas também não importa, nem tudo tem de ter uma razão para existir, ou melhor, nem sempre temos de conhecer as razões de alguma coisa, apenas estragam tudo...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

challenge =)

Este desafio vai ser interessante e complicado porque me custa decidir em relação a algumas das categorias, mas a primeira é óbvia para mim e para toda a gente que me conhecça minimamente. Basicamente tenho de postar uma música por dia (se eu não puder um dia ninguém se chateia comigo pois não?) e passar este desafio a 10 blogues, mas passo-o a toda a gente que esteja disposto a fazê-lo.

Day 01 - Your favorite song

Day 02 - Your least favorite song
Day 03 - A song that makes you happy
Day 04 - A song that makes you sad
Day 05 - A song that reminds you of someone
Day 06 - A song that reminds of you of somewhere
Day 07 - A song that reminds you of a certain event
Day 08 - A song that you can dance to
Day 09 - A song that makes you fall asleep
Day 10 - A song from your favorite band
Day 11 - A song that no one would expect you to love
Day 12 - A song that describes you
Day 13 - A song from your favorite album
Day 14 - A song that you listen to when you’re angry
Day 15 - A song that you listen to when you’re happy
Day 16 - A song that you listen to when you’re sad
Day 17 - A song that you want to play at your wedding
Day 18 - A song that you want to play at your funeral
Day 19 - A song that makes you laugh
Day 20 - Your favorite song at this time last year

My FAVOURITE song:

adoro esta música e não posso fazer nada para o evitar, nem quero, é simplesmente perfeita em todos os sentidos (para mim).

quinta-feira, 6 de maio de 2010




Não gostei muito do filme "The girl next door", já vi há uns anos, e já ouvia falar dele há muito mais tempo, n
ao o achei marcante, lindo, foi bom o suficiente para me pôr a sorrir com algumas falas e a rir às gargalhadas com algumas situações mas gosto imenso desta música, não sei se tem a ver com o ritmo, com a particular forma de cantar, com a letra, o instrumental ou o conjunto todo, mas provoca-me a sensação de dor forte no peito, não sei se pelo seu efeito nostálgico porque não me lembra de nenhum episódio particular... Vou ficae-me pela incógnita...

just a girl

"As pessoas continuam a cruzar-se com ela, a olhá-la de lado, enquanto ela permanece impassível, encostada com o seu caderno, a rabiscar palavras numa letra imperceptivelmente diminuta.
Consegue imaginar os pensamentos das pessoas que continuamente a olham, a sua indiferença e por vezes a sua tentativa de a compreender, de a tentar retirar daquele pequeno mundo que ela criou para si própria.
Mas é quase impossível tentar superar algo tão próximo da perfeição, o seu mundinho a preto e branco como nos filmes antigos, com laivos de cores primárias a enfatizar determinados momentos, leves pinceladas de uma matiz diferente da habitual para fugir a monotonia.
E este mundo tem uma banda sonora apenas sua, melodias docemente tocadas em piano, algumas vozes recriadas pela sua mente, trauteadas quase que insonoramente pela sua garganta...
Há muito tempo que não deixava ninguém entrar no seu mundo, fartara-se de tentar, de se esforçar, quando não recebia o mesmo em troca. Deixou-se levar pelo hábito de permanecer sozinha, mas não conseguie tolerar os mesmos lugares por muito tempo, apenas um. Uma cerejeira enorme, despida durante quase todo o ano, com uma copa larga, um tronco modelado na medida certa ao seu corpo esguio. Encaixava na perfeição ali, e não permitia que ninguém perturbasse a harmonia destes momentos, que lhe usurpasse o seu regúfio, o seu lugar térreo, aquele que apenas ela conhecia e que nunca mostraria a ninguém. Não. Nunca é uma palavra demasiado definitiva para uma forma de viver como a dela. Prometera a si mesma que nunca diria nunca.
Mas a realidade é que vivia demasiado separada da "realidade", não estava preparada para regressar a um lugar repudiante, que se esforçava por não a compreender, e por mais estranho que parecesse estava feliz, ali, no seu mundo, consigo mesmo, com relacionamentos ocasionais, não se prendendo demasiado a ninguém, perdida entre a realidade e a ficção, num interface mágico e seu, acima de tudo seu.
Ao sair de casa, fugia da realidade instável que era a sua "casa" e corria desesperadamente depressa para a sua casa, para o lugar onde se sentia protegida, entre as raízes sobredesenvolvidas de uma árvore centenária, ou talvez nem tanto, mas que ela gostava de imaginar como tal.
Escondia-se e limitava-se a observar... A erva verde, as folhas de orvalho delicadamente pousadas aleatoriamente em quase todas as folhas, numas gotículas perfeitas que continham o mundo e o espelhavam ao mesmo tempo. Passou horas a observar uma borboleta que ondulava delicadamente pelo ar. Não conseguia desviar o olhar das suas cores, dos tons alaranjados, dos castanhos, das nuances, das suas particularidades, da sua beleza simplista, do seu destino, da sua vida curta...
Entercortadamente olhava as crianças que a olhavam e sorriam, as suas brincadeiras inocentes, a forma como viviam e não tinham necessidade de medir as palavras que diziam, num mundo em que um "gosto muito de ti", um "nunca" e até um "amo-te" não têm repercursões porque são verdadeiros mediante os seus parâmetros, quando os anos passam a situaçãos complica-se até se atingir a altura em que cada palavra é calculada, cada gesto mecanizado, cada situação estudada... E os seus pensamentos ondulavam com a brisa, tentanto afastá-los de "casa", orientando-os para o essencial, para o que era realmente seu..."

(talvez continue mas não tenho inspiração para o terminar)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

#2

Observa o céu distraidamente. Pela primeira vez em muito tempo não procura a "sua" constelação, mas sim uma resposta, algo mais que a infinidade de azul celeste.
Ao mesmo tempo ao observar o infinito do firmamento não consegue evitar pensar no quão insignificante é em todo aquele universo de vidas, de coisas superiores a ela... Os seus olhos brilham com o milhão de possibilidades que ela própria tem. Não tem a possibilidade de ser feliz, tem essa necessidade, a necessidade de sorrir em resposta a um sorriso, de deixar as lágrimas correrem o seu rosto até secarem deixando apenas um rasto salgado, de se perder no labirinto de emoções desenhado por si própria, de sorrir ao ver a beleza pueril de um riso genuíno de uma criança, de se deixar levar por si própria, de se lançar sem medo no abismo da vida, sem medo do que pode encontrar, procurando-se e quem sabe...
Olha outra vez e surgem exactamente à sua frente as suas cinco estrelas. Sorri com o sorriso parvo que não quer conter nem seria capaz de evitar. Uma gargalhada sonora, audível a quilómetros de distância, praticamente um grito de pura alegria, de energia descarregada num momento de realização. Sente-se ela própria, sente que regressou, não precisa de mais ninguém, talvez precise mas essa não é a questão...
Num instante de loucura levanta-se. Descalça-se. Caminha sentindo a erva húmida de orvalho debaixo dos seus pés, sente a liberdade de agir como quer. Inspira intensamente, de tal forma que ameaça magoar a garganta com o ar frio da madrugada.
Fecha os olhos. Salta. Sente a água a perturbar-se à sua volta, sente o frio a invadir cada pedacinho do seu corpo e ao mesmo tempo sente-se quente. Observa o céu de um inusual ponto de vista, de debaixo de água. Sorri atrapalhadamente enquanto tenta permanecer mais tempo dentro de água, lutando contra a necessidade de oxigénio do corpo.
Emerge. Abre os olhos com uma lentidão planeada, despertando aos poucos para a realidade. Sente o vento a envolver as suas faces molhadas. Calcula que devia sentir frio mas não sente nada.

terça-feira, 4 de maio de 2010

boa noite"

O sol já caiu há muito, as ruas estão desertas, fora poucas excepções, algumas almas penadas sem rumo e sem casa.
Para mim os problemas prevalecem. Estou um dia mais velha do que ontem e antes de dormir dedico-me à reflexão acerca das minhas acções. Peço desculpa mentalmente às pessoas que magoei, consciente ou inconscientemente, o meu orgulho neste momento não me permite justificar-me, assim como a minha mente conturbada não encontra justificações ou até mesmo julgamento para os meus actos.
Apenas sei que me dói o peito, estou constrangida com uma realidade que não reconheço, temo por pessoas que me são queridas e que não quero ver magoadas, tento perceber aquilo que quero e aquilo que preciso, mas acho que já sei aquilo que preciso, ou pelo menos aquilo que quero. Que confusão de ideias e incertezas.
Entretanto imagino perder-me também nas ruas de uma cidade morta, escurecida, vazia, tentando encontrar o caminho de regresso a casa, na esperança de encontrar o que quero no percurso, mas sei que tenho de ir mais longe para conseguir isso.
Já não consigo conter os bocejos que o meu corpo, incontrolavelmente, impulsiona, toldando a minha mente para o aviso que este acto reflexo do meu corpo constitui, a necessidade de descansar e perder algumas horas por dia a restabelecer-me. E a sonhar também. Talvez o encontre em sonhos, ou talvez não, infinitas possibilidadse agradáveis.
Quando se trata dos meus sonhos as probabilidades de ter um sonho ou um pesadelo não são cinquenta-cinquenta, são-me mais favoráveis, sendo quase nula a possibilidade de ser atormentada enquanto tento apenas restabelecer-me dos dias fatídicos que sucedem este, para isso chega-me a realidade...