Quero ir para casa, voar para esse lugar acompanhada pela melodia do vento a roçar nas folhas das árvores, olhando a belíssima paisagem do Outono de uma perspectiva diferente.
Mas o que é casa? Onde fica essa casa? Onde é a minha casa?
Já a procurei na cidade barulhenta e atribulada, a constante correria, os sons urbanos... Mas faltava-me ar. Sentia-me presa, presa numa caixa com paredes que tocavam o céu, quase alcançando as nuvens e ocultando o sol.
Procurei na simplicidade bela do campo, com tocas as cores harmoniosamente distribuídas, um silêncio melodioso. Enquanto aí estava subia ao topo da escarpa mais elevada e gritava o teu nome esperando uma resposta tua mas apenas regressava uma voz embargada em dor, era aquela a minha voz?
Lembro-me que foi no campo onde encontrei durante mais tempo a minha casa mas depois de uns longos meses procurando algo, que procurava eu?, parti.
Pela milionésima vez coloquei a minha roupa na reduzida mala que carregava comigo desde o princípio daquela jornada à procura de tudo, à procura de nada...
Atirei tudo despreocupadamente para dentro dela e parti mais uma vez, nao olhando para trás, pensando no próximo destino, paragem onde pudesse encontrar a minha casa...
Nao me vejam como uma pessoa insensível que esquece o seu passado, esquece todos por quem passou, os lugares onde esteve, trago-os todos no meu pulso esquerdo, em forma de amuletos, a caixa da cidade, a montanha do campo, uma caneta de uma outra cidade, uma simples carica e... uma flor. A que me deste há um ano quando eu fugia uma vez mais de mim mesma.
Vou voltar aí, a essa cidade sem nome, talvez seja essa a minha casa, quem sabe ela nao esteve sempre comigo...
Adoro conduzir, observar a mudança constante de cenário, a aproximaçao de um novo lugar, uma nova história, uma página em branco, mas hojr quero ver-te.
Tenho-te escrito todas as semanas desde que parti. Nunca te dei a minha morada, há muito que nao tenho uma, portanto nao sei se as leste ou recebeste.
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