quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A idade da beleza

Uma amiga minha tirou umas fotografias maravilhosas para um suposto concurso e pediu-me uma ou duas frases para representar o tema alusivo do concurso. As fotos ficaram fantásticas e tive de me esforçar para conseguir equiparar o magnífico trabalho fotográfico.
As fotos são de Catarina Rocha e o texto é meu.


Este rosto é desconhecido para mim, é como muitas outras pessoas idosas que se cruzam diariamente comigo na rua, e todas aquelas que conheço de vista quando visito os meus avós numa aldeia perdida entre as montanhas.
Não. Não é apenas mais uma idosa que não se consegue distinguir das outras, é uma pessoa genuína, verdadeira, com uma beleza intrigante se ultrapassarmos o ideal de beleza que a sociedade adquiriu nos últimos anos, as modelos extremamente altas e esqueléticas, com uma pele imaculada e muitas vezes sem personalidade, sem história. Perante esses padrões absurdos esta senhora não é sequer digna de um comentário porque há muito que ultrapassou a idade de ser considerada bonita, mas as pessoas que pensam assim enganam-se. A beleza não está confinada às pessoas aparentemente perfeitas, está em todos nós, por mais que isto posso parecer um lugar-comum não o é, é a simples realidade. Esta senhora é linda, e esta fotografia realça-a ainda mais, exalta as suas rugas progundas, os sulcos que lhe marcam a cara, cicatrizes que não pode apagar, porém são traços de beleza, de genuinidade, de sabedoria, seja ela a que pode ter adquirido através dos estudos ou os conhecimentos da vida, provenientes das vivências que marcam agora a sua memória.
Se continuarem a achar esta senhora desinteressante, observem os olhos, profundos, olhos que transmitem esperança, que contam uma história, olhos que decerto choraram, olhos que amaram profundamente, olho que viram a beleza do mundo mesmo que esse pequeno não abrangesse mais que uns meros quilómetros de distância em relação à terra onde viveu, esse seu mundo pequenino e belo, cheio de infinitas possibilidades para ela...
Com certeza viveu o suficiente para ter de enfrentar a guerra, talvez a pessoa que amava tivesse partido para a guerra para não mais voltar, talvez tivesse lutado em casa tratando da família, quem sabe... Esta senhora pode ter sido a rapariga mais bonita da aldeia e agora não ser considerada mais que um trapo velho...
Mas, leitores, esta mulher apenas me transmite esperança com aqueles olhos sábios, o sorriso que teima em aparecer na sua boca marcada pelos anos, a forma com olha directamente para a câmara não temendo os imensos observadores que provavelmente vão olhar para ela, confiante em relação à pessoa que é.
A beleza está nos olhos de quem a vê.

Esta senhora cativa-me, sinto-me tentada a conhecê-la e ouvir a sua história. Talvez o faça, um dia.

1 comentário:

  1. Andreia! :')

    Está bonito. Está sincero , puro , inocente , verdadeiro. Não está fantasioso , está muito bom mesmo. :D

    Adoro-o ! Exploraste tanta coisa aqui que não os temos já nossos conhecidos. ;)

    Continua assim , pq além de adorar os teus textos , tu continuas a ser a unica pessoa a seguir o meu blog! ^^

    Beijinhoooo

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