quinta-feira, 12 de novembro de 2009

(nenhum título decente para isto nem vontade para tal)

Oiço-te enquanto falas. Sibilas doces palavras consoladoras, tentando evitar as palavras que realmente queres dizer... Oiço-te mas não te oiço. A tua expressão diz mais que as tuas palavras, a tua expressão mostra simplesmente aquilo que temes dizer: já não me amas mais... Continuo a mover a cabeça afirmativamente incitando-te a continuar, para te ouvir dizer, para ter a certeza, para manter uma gotícula de esperança em mim, que ainda não se evaporou progressivamente com a simpatia das tuas palavras, que torna tudo ainda mais difícil... Se não fosses tão correcto poderia culpar-te, dizer que tudo aconteceu por causa de ti, que estávamos bem e simplesmente decidiste que já não me querias mais, mas não, decidiste tomar a atitude correcta e enfrentar o inevitável... Mas ainda é tão cedo, ainda nem se vêem as estrelas no céu, porque não esperaste por amanhã?
Custa-me aceitar que me vais deixar e terei de continuar a ver-te, sabendo o que sentes, sabendo que sabes o que sinto...
Ainda não te decidiste a dizer as palavras importantes, ainda não atingiste a parte em que te tentas explicar, dizendo que é melhor assim porque não consegues lidar com a situação, comigo, apesar de eu ser tudo aquilo que sou...
Não consigo ouvir mais...
-Precisas de tanto tempo para me deixares desta forma? Não seria mais fácil não prolongar o momento humilhante e doloroso em que me colocaste?
-Desculpa. - limitas-te a olhar o chão...
Tu olhas o chão e eu espero por uma explicação, uma palavra, algo mais que um simples "desculpa" incompleto.
Sinto que entre nós se ergueu um abismo, quero ultrapassá-lo mas as hipóteses de me magoar pelo caminho são ínfimas...
Passam segundos, minutos, horas, e permanecemos iguais, tu olhando o chão e eu olhando-te a ti. Uma lágrima só solta-se do canto do meu olho, quase que imperceptivelmente:
-Porquê?
Olhas-me com os teus belíssimos olhos castanhos e parecem-me iguais, o brilho permaneceu, porque não há ali indiferença?


Dás um passo em frente e agarras-me pelos braços...
-Porquê? - pergunto eu outra vez com a voz a tremer pela tua proximidade inesperada mas tão agradável...
Puxas-me mais para ti e encosto a minha cabeça no teu peito... O que está a acontecer?
-Não consigo. - dizes num suspiro.
-Não consegues o quê?
Os segundos que se seguiram foram os mais dolorosos da minha vida, a resposta que poderia chegar a qualquer momento apunhalar-me-ia e despedaçar-me-ia de tal forma que os pedaços já não poderiam ser recolhidos e devolvidos ao seu lugar, estaria destinada a uma existência incompleta, procurando os estilhaços dispersados nesse momento de dor profunda.
Mas o que ouvi não poderia ser mais inesperado:
-Não te quero magoar porque te amo demasiado, não posso ficar contigo porque tenho medo de me magoar a mim próprio...
-Então simplesmente não faças nada...
Abraço o rapaz cuja fragilidade me enternece e beijo-o...
-Vamos ficar aqui, apenas. Sem fazer nada, sem dizer nada, sem compromissos. Apenas nós.
Os nossos olhares cruzam-se mais uma vez e apenas consigo sorrir... Era capaz de lhe dizer que o amo, mas ainda não...
-Estúpida rapariga. - digo sorrindo.
Ele sorri e aperta-me mais contra ele.
-Estúpida o suficiente para gostar dela.
Nada mais se seguiu, apenas o silêncio reconfortante através do qual se deslocavam palavras imperceptíveis... Apenas o toque dela na minha pele, a certeza de que o amo...
-Aqui vai o momento cliché: amo-te.
-Eu sei.

2 comentários:

  1. olá :D
    bem, eu vou comentar o post da alice, porque ainda nao li este texto e não o vou comentar sem do ter lido :D
    Deixaste-me com imensa vontade de ler o livro. Gostava que houvesse uma versão para adulto ou something *.* gosto da história é maravilhosa mesmo. E gostei da descrição, a serio, ficou muito bem conseguida

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  2. ya, eu também gosto imenso, passar um natal em paris era o meu sonho, e acredito que não hei-de morrer sem o realizar *.* adoro o natal, e juntar paris ao natal era mesmo sonho

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