Hoje sinto-me uma pessoa nova, renovada pela felicidade destes últimos dias, pela sorte que tenho em viver tudo aquilo que vivo e por ter a hipótese de viver o suficiente para sofrer o que sofro.
Até hoje via-me mais como uma espectadora isolada de tudo o que me rodeava, não vivia, não sorria porque realmente me apetecia, apenas falava com as pessoas para não me fechar completamente em mim própria. Parecia-me, a mim, que observava o mundo de um vidro embaciado que por mais que tentemos limpar para ver o outro lado não temos mais que uma breve miragem que dura meros segundos. Julgo que consegui finalmente ver o outro lado, sonhar outra vez, chorar outra vez, observar as estrelas e ver algo que me cativa, olhar uma obra de arte e conseguir interpretá-la como tal e não apenas como um delírio de um artista sem valor, rir com a simplicidade das situações e das coisas, falar descabidamente e fazer comentários que ninguém esperava da pessoa calada e taciturna em que me estava a tornar.
Sinto-me capaz de voar outra vez, apetece-me viajar, ir a Paris novamente e perder-me na imensidão das suas ruas, na magnificência da sua beleza, na magia do ambiente que paira em toda a cidade, de correr todas as lojas, mesmo aquelas em que não tenho dinheiro para comprar nada, ir mais uma vez ao Louvre e ao museu d'Orsay, olhando todas aquelas belíssimas obras de arte como se fosse a primeira vez, apenas porque sim, porque eu quero.
Quem sabe não me apaixone pelo caminho, por alguém que valha a pena, pelo menos sinto-me capaz de o fazer novamente apesar de não estar completamente sarada e ainda ter em mim o temor de sofrer novamente, sei que é impossível amar sem nos atirarmos de cabeça e nos darmos inteiramente portanto vou tentar, mas não conheço ninguém a quem seja capaz de me entregar por inteiro, não há ninguém em quem confie assim tanto, apenas em mim própria.
Já tenho alguns desejos para o ano novo, só me resta esperar para os ver (ou não) concretizar.
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