segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Livres, nós?

A filosofia temos abordado o tema da liberdade. Se somos livres de agirmos como queremos e de nos autodeterminados ou se estamos sujeitos a fazer algo, não tendo a possibilidade de fazer algo diferente.
Acho isto muito redutor do ponto de vista humano. Não sermos livres. Há séculos que o Homem luta pela sua liberdade sobre diversas formas, a liberdade dos escravos, a liberdade dos Homens, a liberdade de expressão, ainda hoje penso que todos nós nos debatemos para nos sentirmos livres, livres de preconceitos, de vidas monótonas, rotinas que nos saturam por serem apenas isso, rotinas, vidas stressantes, lutamos para termos liberdade de escolha no trabalho, em casa, para alargarmos as nossas possibilidades monetárias e termos uma maior liberdade de escolha a nível de bens materiais... Esforçamo-nos todos os dias para quebrar barreiras para aparecer alguém e nos dizermos que afinal não somos livres?
Penso que cada um tem direito à sua opinião, desde que a sua justificação para a escolha daquela posição seja um insignificante "Porque sim".
Sinto-me dividida entre o compatibilismo e o determinismo.
Segundo o compatibilismo apesar de o nosso corpo estar sujeito às leis físicas naturais que não somos capazes de contrariar, como a lei da gravidade, somos capazes de em certas situações nos autodeterminarmos, ou seja, escolhermos por nós próprios. Por exemplo, quando nos atiramos de um 100º andar caímos inevitavelmente devido à lei da gravidade, mas somos livres de escolher entre atirarmo-nos ou não porque essa escolha cabe-nos apenas a nós tomar, somos os únicos que temos a capacidade de determinar o que vamos fazer a seguir.
Desta forma somos livres e responsabilizados pelos nossos actos.
Mas por outro lado, todas as escolhas que fazemos se devem a um factor anterior, como quando se escolhe o nome para uma criança. Temos uma imensidão de nomes entre os quais podemos escolher mas vamos ecluindo alguns porque nos recordam uma determinada situação que nos desagradou, alguém de que não gostamos... Quando temos a hipótese de escolher o que vamos almoçar num determinado restaurante onde nunca fomos geralmente escolhemos algo com o qual estamos familiarizados e de que gostamos ou algo que alguém nos recomendou, assim somos determinados a fazer aquele escolha pelo passado, pelo que já vivemos.
Estes exemplos baseiam-se numa visão determinista, em que estamos plenamente determinados a fazer algo de determinada forma e não o podemos evitar, porque cada efeito tem uma determinada causa, e essa causa não somos nós, ... e extende-se uma interminável definição pormenorizada de determinismo, mas resumindo: não podemos escolher o que fazemos, não somos responsabilizados pelos nossos actos dessa forma e o nosso "destino" está previamente traçado.
Não há uma hipótese correcta ou errada nestas sitauações, afinal de contas, trata-se de filosofia, mas tenho dúvidas acerca de qual delas se adequa melhor à minha forma de ver: será que vivemos o passado ou o presente? Somos capazes de nos alhearmos plenamente de tudo aquilo que já vivemos para trás de maneira a nos autodeterminarmos plenamente?
Talvez sim, talvez não... Questões infinitas, respostas praticamente inexistentes, incertezas parcialmente elucidadas com mais perguntas.


"Não fazemos aquilo que queremos e, no entanto, somos responsáveis por aquilo que somos."
Jean-Paul Sartre

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