Com a época de Natal chegam o cânticos natalícios que soam em quase todas as lojas em que entro, que dominam as minhas partituras de violino, mesmo que o tente evitar... As pessoas correm de loja em loja à procura do presente para aquele primo, para a tia não sei quê, muitas vezes prendendo-se em complicados dilemas acerca do que comprar porque não conhecem praticamente as pessoas e toda esta troca de presentes é praticamente uma obrigação.
No meu caso gosto de receber prendas e de dar prendas, considero esta troca uma forma de mostrarmos à outra pessoa o quão bem a conhecemos ao termos a capacidade de escolher algo que esta aprecie... É uma desculpa agradável para demonstrarmos o carinho que sentimos sob a forma simplificada de um bem material... Eu nunca espero até ao dia de Natal para receber as minhas prendas, muitas delas nem chegam a ser embrulhadas, já não sinto a necessidade de receber prendas nesse dia mas fico feliz por as receber.
No entanto, preocupam-me as crianças, a forma como as habituamos a um amontoado infinito de presentes, que parecem nunca mais acabar, uma quantidade exorbitante de papel de embrulho, lacinhos, jogos, brinquedos e mais brinquedos, alguns deles colocados automaticamente na parteleira confinados a esse espaço no quarto pela sua nulidade. As crianças de hoje em dia estão habituadas a ter tudo muitas vezes não estando preparadas para as adversidades com que os adultos se deparam ao longo da vida, como uma mudança drástica nas finanças que não permite este nível de vida às crianças, que Natal terá uma criança que vê a quantidade de prendas diminuir exponencialmente de ano para ano? Uma criança apenas habituada à faceta materialista desta festividade que visa principalmente a reunião da família, a celebração desta família, a felicidade e a paz, como veria o fim destes embrulhos que se amontoam na base da árvore de Natal?
A qualidade do dia de Natal medir-se-á pela quantidade de presentes debaixo da dita árvore ou pelo amor e alegria partilhados por esta família nesta quadra festiva? Será que chegámos ao ponto de nos preocuparmos tanto com os presentes que nos resta apenas tentar encontrar uma réstia do verdadeiro espírito deste dia, perdido entre prendas e presentes, brinquedos, jogos, camisolas, simples objectos que em nada sobrepõem as nossas necessidades de amor e de família?
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