quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Não me peçam para sorrir

Hoje estou particularmente revoltada com as pessoas, com as relações à distância, os amigos com quem partilhámos imensas memórias e que de repente, se mudam e ao partirem da cidade parece que partem também das nossas vidas.
Nunca esperei que fosse assim, temia isto mas não esperava ser praticamente ignorada, não desta forma, não por esta pessoa.
Estou magoada pela incapacidade de comunicarmos, a falta de autonomia dela em me ligar, me mandar uma mensagem, um simples olá.
Será que é mesmo impossível manter uma relação à distância ou depende das pessoas?
Talvez isto não esteja a funcionar por não nos esforçarmos o suficiente, vou ser realista, não lhe ligo todos os dias, não lhe mando mensagens todos os dias, mas uma vez por semana faço questão de manter contacto porque quinze anos não se apagam com tanta facilidade. Mas porque raio corre bem com os outros e a nós nos está a sair tudo errado, e para piorar a situação tudo me lembra de ti, as músicas que acabo por ouvir são as que me lembram de ti, mas o que recebo em troca? Um lugar minúsculo na memória, no passado, uma irritante insignificância que me deixa apática durante horas, sem vontade de me relacionar com ninguém esperando já que tudo acabe assim, um dia.
É profundamente perturbador ver como passo desapercebida na tua vida apenas porque não me vês, e porque vivemos a quilómetros de distância, o telemóvel continua aí, eu continuo aqui ao pé do meu à espera da chamada e da mensagem que ainda não chegaram, estou continuamente a olhar para verificar pela enésima vez que não tenho nada lá.
Pior ainda quando me perguntam por ti, me perguntam como estás, fazem comentários acerca da tua adaptação, e eu minto descaradamente dizendo que sim, que estás bem, quando não faço a menor ideia do que se passa na tua vida e sinceramente estou perto de achar que simplesmente já nem existo para ti. Apetece-me gritar às pessoas que estou mal, que não me importam, que só te queria ouvir a ti mas que apesar de tentar não consigo realizar isso, que estou mal e não podem fazer nada por isso, que não sei nada de ti, que me importo porém pareces inalcançável, gostava de dizer que sim, falo contigo todos os dias, adorava que isso fosse verdade, mas sejamos realistas isto está longe da verdade. Que raio se passa conosco?
Podem dizer-me que sou ridícula por fazer estas cenas, por me fazer passar por coitadinha, mas não é nada disso, o que acontece é que me custa não te ter aqui, ainda mais quando parece que simplesmente não sou ninguém na tua vida quando tens as meninas ricas contigo que te são tão mais semelhantes, aparentemente.
Chamem-me ridícula, dissimulada, deprimida, o que quiserem, mas não me peçam para sorrir quando estou melancólica e com vontade de fugir para um lugar calmo onde não tenho de lidar com hipocrisias exageradas, mentiras, pessoas desinteressantes e interesseiras, estou farta das pessoas e farta do teu silêncio.

1 comentário:

  1. Claro que é possível manter uma amizade quando não se está perto, mas é preciso muito mais esforço e não o podes fazer sozinha. Mas pode ser apenas uma fase má.

    Beijinhos

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