Estou a ouvir "The Scientist" dos Coldplay e traz-me recordações dolorosas.
Naquela pontezinha sobre o rio, perto do moinho, trauteava praticamente num murmúrio a melodia, sibilando mentalmente a letra particularmente adequada à situação.
Enquanto as notas do piano me soavam na cabeça, nos meus ouvidos ecoavam palavras de deslumbramento da minha melhor amiga acerca da nova escola, das estátuas lindas do lado de fora do edifício central, aquele a longos e dolorosos quilometros de mim.
Tentava lidar com a ausência temporária dela, por enquanto, e com a presença perturbadora da pessoa de quem gostava profundamente e que me magoou imenso mais tarde, ao trair a confiança que tinha nas suas palavras e insinuações.
Equilibrando os sentimentos contraditórios tentava recomeçar tudo com ele, da forma correcta, se é que há uma forma certa de agir nestas situações, tal como na música.
Descalcei-me para descontrair e aproveitei aquele momento relaxado que tivemos, sozinhos, sem a tensão do que sentia e do que ele dizia sentir, mas que não passava de uma farça.
Esta música toca-me ainda mais considerando que a minha tarde descontraída e feliz foi não mais que uma tentativa falhada da parte dele de definitivamente afirmar que não sentia nada, algo que soube mais tarde e que me atingiu com uma intensidade inimaginável, dilacerando-me de forma irremediável por tempos que me pareceram infinitos, fatídicos, longos, melancólicos, tempos perdidos devido a uma fantasia minha que pode nem ter existido alguma vez, provavelmente ele nunca chegou a sentir nada, ao contrário do que afirmou.
Por vezes gosto de pensar que não fiz uma plena figura de parva ao acreditar que existia alguma coisa mais que a minha ilusão.
Só posso recordar e ouvir a música, esperando voltar ao princípio com uma pessoa diferente, alguém diferente, alguém que se importe. Um dia... Quem sabe...
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