quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

run*

Apetece-me fugir, voltar ao Verão do ano passado, quando tudo era especialmente fácil para mim e para toda a gente, deixar os compromissos para trás, as pessoas que não me interessam, esquecer tudo o que é insignificante e inútil nesta minha vida. Voltar àquela aldeiazinha e fazer das coisas mais divertidas e erradas que fiz até hoje, sem ter de suportar as consequências, os olhares reprovadores porque toda a gente tolerava tudo e gostava de todos, porque podíamos ser nós mesmas ali, com as nossas paranóias, as nossas conversas e atitudes parvas, a nossa necessidade imensa de liberdade, liberdade essa que agora me falta e que me prende, sinto-me muitas vezes a sufocar por estar rodeada por pessoas superficiais quando me apetece apenas estar com aquelas que realmente me importam, para disfrutar dos momentos de vazio, em que não fazemos nem temos de fazer nada, em que conversamos ininterruptamente sem nos preocuparmos com horários, com quem pode estar a ouvir, com a estupidez das nossas conversas.
Preciso da calma da localidade rural onde "vivi" por duas semanas, onde chorei e ri, onde posso dizer que temi por mim e pelos que estavam comigo, em que fiz coisas loucas não me arrependendo de nenhuma delas, de que me posso gabar por nunca ter sofrido as consequências de atitudes menos conscientes.
Quero voltar, voltar à pessoa que era, porque sei que ainda a tenho em mim, mas com o fim do Verão a nossa vitalidade fica condicionada e voltamos a cair na monotonia dos compromissos, no medo de errar, na tentativa de fazermos o que nos é suposto, tentanto mesmo assim fazer aquilo que queremos, mas o medo de me magoar não me permite fazer muitas das coisas que queria, porque sei que aqui vou sofrer as consequências e que não me posso limitar a fugir, porque tenho de lidar com as mesmas pessoas e situações por dias e dias, até que comece um novo Verão e possa voltar à vida que quero mesmo.

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